Em seu comunicado, o BC também indicou que deve repetir a dose, adotando outra elevação de igual magnitude na próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), nos dias 7 e 8 de dezembro.
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“O Copom considera que, diante da deterioração no balanço de riscos e do aumento de suas projeções, esse ritmo de ajuste é o mais adequado para garantir a convergência da inflação para as metas no horizonte relevante”, afirmou o BC em comunicado.
“Neste momento, o cenário básico e o balanço de riscos do Copom indicam ser apropriado que o ciclo de aperto monetário avance ainda mais no território contracionista”, completou.
O BC atualizou no documento sua leitura sobre a atividade econômica, pontuando que indicadores divulgados desde setembro mostram uma evolução “ligeiramente abaixo da esperada”. E piorou suas projeções para a inflação neste ano e no ano que vem.
Esta foi a maior elevação na taxa básica de juros desde dezembro de 2002, quando houve aumento de 3 pontos da Selic, a 25% ao ano, em uma resposta ao derretimento do mercado e à disparada do dólar por temores associados à eleição de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência.
Desta vez, a subida ocorre após o presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Economia, Paulo Guedes, anunciarem que o Auxílio Brasil, como foi rebatizado o Bolsa Família, contará com um bônus extra e temporário no ano eleitoral de 2022, possibilitado por um drible na regra do teto de gastos, que é considerada a única âncora fiscal do país.
Com isso, o valor total do benefício, visto como crucial para impulsionar a popularidade do presidente, subirá a no mínimo R$ 400 por família frente a uma média de R$ 190 hoje.
Antes da decisão desta tarde, o BC havia elevado os juros em 1 ponto percentual em suas últimas duas reuniões do Copom, com a avaliação de que este ritmo seria suficiente para levar a inflação para a meta em 2022, horizonte que vinha destacando estar no foco de suas ações.
Mas para além dos novos riscos no cenário fiscal – com impacto direto no câmbio e no encarecimento de bens importados -, o avanço de preços na economia não deu trégua: o IPCA-15, prévia da inflação oficial, subiu 1,2% em outubro, maior taxa para o mês em 26 anos, acumulando alta de 10,34% em 12 meses.
O desempenho superou estimativas do mercado, apontou persistentes pressões sobre os núcleos – que desconsideram preços mais voláteis -, e levou grandes bancos e casas de investimento a esperarem um reação mais contundente do BC nesta quarta-feira.
Para este ano, o BC enxerga inflação de 9,5% (8,5% antes) e para 2023 a expectativa é de alta de 3,1% (3,2% antes), contra metas de 3,75% e 3,25%, respectivamente, também com margem de 1,5 ponto.
No Focus, as estimativas dos economistas são de IPCA de 8,96% em 2021, 4,40% em 2022 e 3,27% em 2023.
Desde março, quando tirou a Selic da mínima histórica de 2% ao ano alcançada em meio à pandemia, o BC já elevou a taxa em 5,75 pontos. (Com Reuters)