“A promoção da economia circular está em tudo o que fazemos.” No entanto, encontrar novas prateleiras para brinquedos de pelúcia é apenas um pequeno componente da iniciativa de sustentabilidade da empresa, que prioriza a redução das emissões de gases do efeito estufa. No caso do eBay, isso está relacionado principalmente à eletricidade usada para abastecer os grandes data centers.
Desde 2017, o eBay diminuiu as emissões de carbono em 29%, chegando a 80 mil toneladas por ano. O gigante do comércio eletrônico tornou-se neutro em carbono este ano e visa alcançar um fornecimento de eletricidade 100% renovável para todos os escritórios e data centers até 2025.
Essa meta poderá realmente ser atingida nos próximos anos, quando os maiores projetos de energia limpa do eBay estiverem em operação. Situado no Texas, o White Mesa Wind Project (uma joint venture com a Apple, a Sprint e a Samsung) começou a operar este ano, gerando 75 megawatts de pico para as quatro empresas, potência suficiente para abastecer 20 mil residências. Por sua vez, o Ventress Solar Project, na Louisiana, um contrato de fornecimento de energia entre o eBay, o McDonald’s e a divisão Lightsource da BP, vai gerar 345 MW. “Colaboramos com nossos pares do setor de tecnologia quando surgem algumas questões de sustentabilidade nas quais a união faz mais sentido”, afirma Renee Morin, diretora de sustentabilidade do eBay.
Essas iniciativas proporcionaram ao eBay a 11ª posição na primeira lista Forbes Green Growth 50. Usando dados da Sustainalytics referentes às emissões e dados da FactSet Research Systems relativos à parte financeira, enfocamos as empresas norte-americanas com capitalização de mercado superior a US$ 5 bilhões que começaram com emissões equivalentes a mais de 90 mil toneladas de dióxido de carbono em 2017 e que, de lá para cá, conseguiram reduzir suas emissões e, ao mesmo tempo, aumentar sua lucratividade (medida por um aumento absoluto da receita líquida ou da receita operacional de 2017 a 2020).
Ao iniciarmos a análise, concluímos que esses critérios gerariam uma lista de mais de 100 empresas. Porém, o crescimento ecológico é mais difícil do que parece: a Weyerhaeuser e a Edison International, situadas na 21ª e na 10ª posição de nossa lista, fizeram o lucro crescer menos de 2% desde 2017.
Essa ênfase estratégica é repercutida por Stephan Tanda, CEO da Aptar, que conquistou a primeira posição na lista Green Growth 50. A Aptar fabrica um sem-número de sistemas de administração de medicamentos e dosadores de produtos de consumo, especialmente alimentos e cosméticos. “Olhamos para tudo que fazemos através da lente da sustentabilidade.”
A maioria das instalações da empresa na Europa já está certificada como isenta do uso de aterros. Até o final do ano, a Aptar pretende alcançar “80% de eliminação de descarte”. É algo que envolve conciliar contradições. A maioria dos produtos dela é de plástico, o que, segundo Tanda, gera uma pegada de carbono bem baixa em comparação com outros recipientes. Um dos novos produtos da Aptar é uma bomba de loção feita com um único material, sem partes metálicas e totalmente reciclável.
Pode-se dizer que a demanda desses novos produtos por parte dos consumidores causa mais impacto do que o circo de políticas governamentais montado nas recentes reuniões da COP26 em Glasgow, na Escócia.
Essa abordagem funcionou bem para a gigante da eletricidade AES, que conquistou o 15º lugar na lista Green Growth 50 depois de reduzir as emissões em 22%, substituindo as usinas elétricas a carvão por energia eólica e solar e baterias – “uma combinação vencedora, capaz de descarbonizar 90% da rede”, comenta Chris Shelton, presidente da AES Next. Como o custo das energias renováveis continuava caindo, a empresa conseguiu passar os clientes para um programa voltado à energia ecológica e à combinação de energias.
A AES também conta com uma espécie de operação interna de capital de risco. A Fluence, sua joint venture de baterias em grande escala com a Siemens, abriu o capital recentemente, já ostenta uma capitalização de mercado de US$ 6 bilhões e é a empresa que está por trás de algumas das maiores instalações de baterias do mundo.
Havia um grande grupo de empresas que estavam “em negação” no que diz respeito à redução das emissões de gases de efeito estufa. “Esse grupo está desaparecendo rapidamente” e as empresas vêm passando ao grupo da “barganha”: querem saber o mínimo que precisam fazer para sobreviver e para manter os ativistas o mais longe possível.
Mesmo na lista Green Growth 50, algumas empresas estão menos empolgadas do que as outras. A título de exemplo, a Altria, gigante da nicotina que está na 35ª posição de nossa lista, parece estar fazendo o suficiente, tendo reduzido as emissões em 10% no período estudado. De acordo com o relatório de sustentabilidade mais recente da empresa, o uso de energia renovável pela Altria é de meros 2,3% do total, uma proporção surpreendentemente baixa.
A companhia também mostra como pode ser difícil seguir um programa bem-intencionado. A Altria vinha fazendo grandes avanços na diminuição da quantidade de resíduos que enviava a aterros. Em 2018, ela quase atingiu sua meta de 9,5 mil toneladas. Entretanto, 2019 detonou essa tendência: a Altria mandou 79 milhões de toneladas a aterros, em grande parte entulho de uma reforma da sede. O próximo desafio é reduzir o lixo formado pelas bitucas de cigarro.
Entre as empresas de melhor desempenho está a farmacêutica Eli Lilly, que ficou em oitavo lugar em nossa lista depois de trocar as lâmpadas antigas de três fábricas por LEDs, o que propiciou uma economia de 330 MWh por ano. E a Bristol Myers Squibb, que aquece prédio de escritórios da companhia em Munique, na Alemanha, com energia 100% geotérmica, conquistou o 13º lugar.