Ela é também o produto de renda fixa de menor rentabilidade do mercado. Seu rendimento é calculado pela soma de 70% da taxa Selic com a Taxa Referencial (TR), atualmente em 0%. Por isso, a poupança tende a render cerca 30% a menos que o Tesouro Direto Selic, título público de menor risco e mais recomendado para a reserva de emergência. Essa diferença varia dependendo do valor aplicado e do tempo do investimento, já que há cobrança de imposto de renda regressivo sobre os papéis do tesouro e também para depósitos superiores a R$ 50 mil na poupança.
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O professor Michael Viriato, coordenador do Laboratório de Finanças do Insper, explica que o cálculo do rendimento da poupança muda quando a taxa básica de juros ultrapassa 8,5%. Nesse cenário, o retorno é igual à TR acrescida de 0,5% ao mês.
Na prática, a variação da TR acompanha a taxa Selic. Segundo Viriato, quando a taxa básica de juros está abaixo de 8%, a TR é igual a zero. Quando está acima, a TR começa a subir, porém permanece em patamares muito baixos e, desde os anos 2000, sempre inferior a 0,5%.
Portanto, se hoje a poupança rende aproximadamente 5,435% (70% da taxa básica de juros) ao ano, caso a Selic seja elevada para 9,25%, a poupança renderá ainda menos, aproximadamente 0,5%, com a TR muito próxima ao zero.
Há também a expectativa de que, caso a Selic suba, volte a valer a antiga regra de rendimento da poupança: sempre 6% somado à TR. Claudia Yoshinaga, coordenadora do Centro de Estudos em Finanças da FGV, explica que este era o cálculo utilizado até 2012. Como a TR esteve muito próxima do zero nos últimos 21 anos, era como se a poupança rendesse sempre 6% ao ano.
Porém, em maio de 2012, quando a taxa Selic caiu de 9% para 8,5%, a rentabilidade de 6% paga pela poupança começou a ser vista como vantajosa por alguns investidores mais conservadores. “Então, foi criada a nova regra de rendimentos para poupança, como conhecemos hoje, com os 8,5% de gatilho para pagar ou 70% da taxa de juros ou 0,5% mais TR”, diz ela.
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Caso os rendimentos da poupança fossem muito vantajosos e atraíssem mais pessoas para a caderneta, a professora da FGV afirma que as instituições financeiras teriam problemas. “Isso obrigaria os bancos a destinar todos recursos para o sistema de habitação, mas eles precisam de captar para outros sistemas também”, diz.
Viriato, do Insper, aponta que outro problema seria a perda de financiamento pelo Governo Federal, que arrecada dinheiro através do Tesouro Direto, também com rentabilidade maior que a da poupança. “A Selic é utilizada como remuneração para quase 30% dos títulos públicos federais”, diz. Parte do dinheiro alocado nas poupanças também é utilizado pelos bancos para depósito obrigatório no Banco Central, como garantia de crédito.
Ainda que a regra antiga (6% mais TR) volte a valer, Yoshinaga relembra que a Selic estaria em pelo menos 8,5%, corte definido pelo Banco Central, e portanto continuaria sendo mais vantajosa. Vale ressaltar que aqueles que mantiveram seu dinheiro na poupança desde antes de maio de 2012 continuam recebendo a remuneração antiga.
A poupança também oferece vantagens como liquidez imediata, ou seja, o dinheiro pode ser resgatado a qualquer momento, garantia do FGC (Fundo Garantidor de Crédito) para depósitos de até R$ 250 mil, e não há cobrança de taxas de administração. Outro benefício visto pelos investidores é que a poupança é isenta de imposto de renda para aqueles que têm até R$ 50 mil aplicados – o que gera um retorno líquido de R$ 250 por ano, considerando o rendimento de 0,5% previsto com o aumento da Selic.
O professor pontua também que, além da rentabilidade baixa, há a desvantagem de que a poupança só começa a remunerar a partir de 30 dias. Portanto, aqueles que resgatarem seus aportes em 29 dias, por exemplo, não recebem nenhum rendimento.