Ao participar do IX Fórum Jurídico de Lisboa, em Portugal, ele também afirmou que o Brasil está passando por uma situação que ocorre pela primeira vez em décadas, em que enfrenta um problema de inflação interna, ao mesmo tempo em que importa inflação de outros países.
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“É muito importante ser realista e entender o quão disseminada está a inflação e o quão difícil será o trabalho do Banco Central nesse ponto”, completou.
Em sua fala, Campos Neto reconheceu que o BC tem percebido mais recentemente uma revisão de inflação para cima e de crescimento para baixo em 2022.
Ele voltou a atribuir o avanço de preços na economia ao forte choque em alimentos ocorrido no ano passado e ao novo choque ocorrido neste ano, ligado a eletricidade e combustíveis, que classificou como “o maior dos últimos 20 anos”.
De acordo com a pesquisa Focus mais recente, a expectativa dos agentes econômicos já é de um PIB (Produto Interno Bruto) abaixo de 1% no ano que vem, com inflação de 4,79%, ante meta central de 3,5%, que o BC vinha frisando ser possível atingir.
FISCAL
Campos Neto também indicou nesta terça-feira que o aumento do prêmio de risco ligado ao país tem conexão com o fiscal e com os questionamentos sobre a trajetória das contas públicas à frente –algo que se relaciona mais com a visão de quanto o Brasil pode crescer estruturalmente do que com os dados fiscais do dia a dia, que têm melhorado.
“Se eu tenho um mesmo modelo de equilíbrio fiscal com crescimento de 2,5%-3% e uma taxa de juros de 7%, e mudo o crescimento de 2,5%-3% pra 1%, e passo a uma taxa de juros de 8%, eu deixo claramente de ter uma coisa sustentável pra ter uma coisa explosiva”, afirmou ele.
Campos Neto disse que, de um lado, o Brasil precisa fazer um esforço fiscal, sendo “muito importante” acenar com algum corte de gastos. Ele disse, contudo, entender as dificuldades nesse sentido no âmbito do “mundo político”, que “gera suas limitações”.
Por outro lado, ele pontuou que o que vai realmente equilibrar as percepções sobre o Brasil no futuro é a capacidade de o país crescer mais, lembrando que nos últimos sete anos o PIB foi “bastante baixo”.
Sobre o cenário externo, ele frisou que o mundo passará por um processo de normalização dos juros após os estímulos dados durante a pandemia, o que fará com o que o ambiente seja “ainda mais desafiador” para o Brasil. (Com Reuters)