Ao contrário do mercado à vista, em que o investidor paga pelas ações no momento em que elas são adquiridas, o mercado de opções leva em consideração um tempo futuro. Nesse sentido, as opções representam um contrato que dá ao seu titular o direito de comprar ou vender um ativo por um valor pré-determinado em uma data posterior. Esse ativo recebe o nome de “ativo-objeto”.
“É chamado assim pois é um ativo que não entra na carteira do investidor”, explica Carlos Castro, planejador financeiro da Planejar. “Para o caso de renda variável, significa que o investidor não investe na ação diretamente, e sim detém o direito de comprar ou vender o ativo-objeto.”
Da mesma forma, se esse mesmo investidor deseja adquirir uma ação de R$ 20 em um momento futuro, mas tem razões para acreditar que ela poderá se valorizar a R$ 25, o investidor pode adquirir opções de compra por R$ 22. Assim, na data de exercício, se a sua previsão tiver se concretizado, ele poderá comprar a ação por um preço mais baixo. Daí surge a função de “hedge”, ou de proteção da carteira, das opções.
No jargão do mercado, as opções de compra são chamadas de “call”, e as opções de venda são chamadas de “put”. O “titular” é quem compra a opção, ganhando o direito de comprar ou vender o ativo-objeto, e o “lançador” é quem vende a opção para o titular, assumindo, assim, a obrigação de comprar (no caso de put) ou vender (no caso de call) o ativo-objeto. O “strike” é o valor prefixado pelo qual o ativo-objeto pode ser negociado no exercício.
Além disso, cada transação vem com um custo adicional para o titular, que é o chamado “prêmio”. Esse é o preço pago ao lançador e permite ao titular ganhar o direito de comprar ou vender o ativo-objeto da opção. O prêmio não representa o valor do ativo-objeto em si é mais baixo do que ele.
Ariane Benedito, economista da CM Capital, frisa que o mercado de opções é mais indicado para investidores experientes e com perfil agressivo: “O mercado de derivativos, em geral, detém uma linguagem específica e as terminologias confundem o investidor. Por isso, operar esse mercado exige muito estudo e conhecimento que o investidor poderá adquirir com o tempo e experiência em operações mais simples, como o mercado à vista, por exemplo.”
Para quem está começando a operar no mercado de opções, Castro recomenda utilizá-las para proteger a carteira de investimentos, principalmente em momentos de alta volatilidade no mercado, como se verifica hoje. Ele lembra que, por ser um investimento de renda variável, o risco de perda é elevado, especialmente fora das estratégias de proteção.
Especificidades das operações
“O que confunde muitos investidores é que você pode comprar uma opção de venda ou vender uma opção de compra, e o contrário também é possível”, aponta Benedito. “O mais importante de lembrar é: o titular tem sempre o direito de comprar uma call ou vender uma put no preço do exercício, enquanto o lançador tem sempre a obrigação de vender a call ou comprar a put.”
Nesses casos, é necessário considerar o valor do prêmio, que não retornará ao titular se ele desistir do negócio. Porém, como indicado anteriormente, esse valor costuma ser pequeno, ficando na casa dos centavos por papel. O prejuízo máximo que o titular pode ter é o preço do prêmio.
Por outro lado, como explica a economista, o mercado de opções costuma apresentar mais riscos para o lançador, que tem a obrigação de concluir o negócio se o titular assim decidir e pode ter prejuízos “ilimitados”. Um exemplo seria se o lançador se comprometesse a entregar títulos que não possui, e fosse obrigado a comprar ações a um valor acima do preço de strike para cumprir o negócio. A depender da disparidade, o lançador pode afundar no negativo.
Ambos analistas lembram que o mercado de opções também pode ser utilizado para outros propósitos além da proteção da carteira de investimentos, embora essas operações apresentem riscos ainda maiores. Uma é a alavancagem, que permite ao investidor ganhar lucros muito maiores que o valor investido.
Outra estratégia é a arbitragem, que visa o lucro sobre a diferença de preços do mesmo ativo em mercados diferentes – esses podem ser o mercado de opções, à vista, futuro e até o aluguel de ações. Porém, como apontam os analistas, essa é uma estratégia que tem se tornado cada vez mais difícil, tendo em vista que, quando identificada uma disparidade, rapidamente há investidores prontos para aproveitá-la, fazendo com que ela tenha seus valores imediatamente corrigidos.