Ibovespa hoje: Bolsa abre em alta após Fed anunciar que aumentará juros dos EUA em março

27 de janeiro de 2022

O Ibovespa opera em alta de 1,37% na abertura do pregão de hoje (27), a 112.808 pontos perto das 10h30, horário de Brasília. O mercado segue de olho nas repercussões do discurso do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, sobre a política monetária dos Estados Unidos. A autoridade informou ontem (26) que a taxa de juros do país deve ser elevada em março.

“O comitê tem a intenção de aumentar a taxa na reunião de março, presumindo que as condições sejam apropriadas para isso”, afirmou Powell, indo mais longe do que a mensagem do comunicado de política monetária do Fed, que dizia apenas que as taxas subiriam “em breve”.

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Após a reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) da quarta-feira, o órgão reafirmou planos de encerrar seu programa de compras de títulos, o que está planejado também para março. “A economia não precisa mais dos altos níveis de suporte da política monetária”, afirmou Powell.

O dólar abriu em queda de 1,08%, com o real se ajustando a algumas moedas de países emergentes, como o peso mexicano, peso chileno e rand sul-africano, que contrariavam a tendência internacional de aversão a risco, desencadeada na véspera após sinalização mais dura do banco central dos Estados Unidos, o Federal Reserve. A moeda era negociada a R$ 5,3835.

No Brasil, a mais recente onda de Covid-19 elevou as incertezas e a confiança da indústria no Brasil começou 2022 em seu patamar mais baixo desde meados de 2020, engatando em janeiro o sexto declínio mensal consecutivo, informou a Fundação Getulio Vargas (FGV) hoje.

Os dados mostraram que o Índice de Confiança da Indústria (ICI) perdeu 1,7 ponto no mês, para 98,4 pontos, mínima desde julho de 2020 (89,8).

Em tendência de baixa desde agosto do ano passado, o ICI marcou em janeiro sua maior sequência de perdas desde 2014, quando foram registrados oito meses consecutivos de retração.

“O setor industrial inicia 2022 com queda disseminada da confiança entre os segmentos, pesando sobre esse resultado as incertezas em decorrência do aumento nos casos de Covid-19, que têm levado a reduções no quadro de funcionários e à ampliação das restrições em países que sentiram o recrudescimento da pandemia”, explicou em nota a economista do FGV IBRE, Claudia Perdigão.

Em Brasília, o presidente Jair Bolsonaro assinou uma medida provisória que permite ao país retaliar unilateralmente em disputas comerciais se as audiências sobre elas estiverem interrompidas na Organização Mundial do Comércio (OMC).

O governo brasileiro disse que a medida foi tomada por causa da paralisação dos trabalhos do Órgão de Apelação da OMC. As atividades ficaram suspensas por causa de bloqueios dos Estados Unidos a novas nomeações, o que deixou o colegiado sem quórum para decidir sobre disputas.

Mercados internacionais

Nos Estados Unidos, o relatório do Departamento do Comércio sobre o Produto Interno Bruto (PIB) do 4º trimestre será divulgado nesta quinta-feira e deve sustentar a virada do Federal Reserve na direção de aumento de juros em março.

Por lá, o crescimento econômico provavelmente acelerou no 4º trimestre, na visão dos economistas, uma vez que as empresas restabeleceram os estoques para atender à demanda por bens, ajudando o país a registrar o melhor desempenho em quase quatro décadas em 2021.

A expansão foi alimentada no ano passado pelo forte estímulo fiscal e pelos juros baixos. O ímpeto, no entanto, parece ter perdido força em dezembro em meio às infecções por Covid-19 com a variante Ômicron, o que contribuiu para reduzir os gastos e afetar a atividade em fábricas e no setor de serviços.

Na Ásia, as ações chinesas despencaram para mínimas em quase 16 meses e o iuan teve a maior queda em sete meses contra o dólar, com os investidores globais preocupados que o Federal Reserve vá agir mais agressivamente para conter a inflação.

O Hang Seng, de Hong Kong, desvalorizou 1,99%; e o BSE Sensex, de Mumbai, fechou o dia em queda de 1%. Já na China continental, o índice Shanghai perdeu 1,78%; e no Japão, o índice Nikkei recuou 3,11%.

Na Europa, as doses de reforço de uma vacina contra a Covid-19 poderiam reduzir as futuras internações causadas pela doença na região em pelo menos meio milhão, segundo a agência de saúde pública da União Europeia, mesmo com a disseminação da variante Ômicron do coronavírus a um ritmo sem precedentes.

“A atual adoção de uma dose de reforço alcançada no início de janeiro pode reduzir as futuras hospitalizações pela Ômicron em entre 500 mil e 800 mil” na Europa, afirma o Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doenças (ECDC).

As bolsas reagem de forma mista à notícia. Por volta das 10h30, o Stoxx 600 perdia 0,07%; na Alemanha, o DAX sobe 0,32%; o CAC 40 em queda de 0,13% na França; na Itália, o FTSE MIB sobe 0,45%; enquanto o FTSE 100 tem valorização de 0,61% no Reino Unido.

Commodities

Os preços do minério de ferro de Dalian subiram nesta quinta-feira com esperanças de uma demanda robusta na China quando as restrições à produção de aço forem afrouxadas, após as Olimpíadas de Inverno de Pequim no próximo mês.

As perspectivas de oferta apertada também mantiveram o tom de alta intacto para o minério de ferro, mesmo com alguns traders ficando fora do mercado antes do feriado do Ano Novo Lunar na China na próxima semana.

O contrato de minério de ferro mais negociado em maio na bolsa de commodities de Dalian subiu 2%, para 781 iuanes (US$ 123,07) a tonelada, o maior patamar desde 13 de outubro, antes de encerrar as negociações diurnas com alta de 0,5%, a 769 iuanes. (Com Reuters)