Golpista do Tinder: conheça o ex-bilionário de quem o sedutor dizia ser filho

12 de fevereiro de 2022
Divulgação/Netflix

Shimon Hayut enganou dezenas de mulheres dizendo ser o filho do ex-bilionário Lev Leviev

Jatos particulares, diamantes caríssimos, fugir de policiais – esse é um dia comum na vida de Simon Leviev, também conhecido como o “Golpista do Tinder”, a nova série de sucesso da Netflix. Ele supostamente enganou dezenas de mulheres fingindo ser filho do magnata dos diamantes Lev Leviev – e teria ganhado cerca de US$ 10 milhões de suas vítimas.

Simon Leviev, cujo nome verdadeiro é Shimon Hayut, cumpriu cinco meses de uma sentença de um ano e três meses em Israel por outras acusações de fraude (ele foi solto mais cedo, em 2020, por bom comportamento). Porém, na semana passada, seu perfil no Instagram o mostrava novamente desfrutando de um estilo de vida de alto nível. Ele foi banido do Tinder e de outros aplicativos de namoro esta semana.

De certa forma, o personagem criado pelo “Golpista do Tinder” é uma versão mais jovem do ex-bilionário israelense que ele dizia ser seu pai. Em 2003, a Forbes acompanhou Lev Leviev e seu grupo de guarda-costas em uma turnê pela Ucrânia para uma reportagem de capa que contava como ele se tornou o “Rei dos Diamantes”. 

A chave para o seu sucesso? Conexões com nomes como Vladimir Putin e José Eduardo dos Santos, que governou Angola entre 1979 e 2017 – ambos o ajudaram a adquirir gemas, abocanhar minas e reduzir o domínio da De Beers no mercado.

A fortuna de Leviev – estimada pela Forbes em pouco menos de US$ 1 bilhão em 2020 – é muito real, mesmo que “Simon Leviev” não seja. 

Ore Kristiansen/VG/EPA-EFE/Shutterstock; Anton Novoderezhkin/Tass/Getty Images

Simon Leviev (esq.), mais conhecido como o “golpista do Tinder” por causa da série da Netflix, e Lev Leviev (dir.)

“Assim que soubemos da fraude, apresentamos uma queixa à polícia israelense. Esperamos que o Sr. Hayut enfrente a Justiça que merece”, afirmou a LLD Diamonds, empresa de Lev Leviev, na semana passada.

Aqui está a reportagem de capa da Forbes de 15 de setembro de sobre Lev Leviev, escrita por Phyllis Berman e Lea Goldman.

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O bilionário que quebrou a De Beers

A polícia estava esperando por Lev Leviev, que viajou em um jato Gulfstream 2000 para Kiev em um voo de três horas partindo de Tel Aviv. Não se trata de uma extradição criminal, mas de um comitê de boas-vindas que inclui uma caravana de limusines e Mercedes-Benz, cada uma com dois guarda-costas armados. 

A comitiva corre pelas estradas esburacadas da Ucrânia, passando por semáforos, fazendas solitárias e estradas poeirentas até a vila de Zhitomir.

Leviev é um herói local. Ele restaurou a única sinagoga remanescente da cidade que os nazistas transformaram em depósito de armas e os comunistas, em cinema. 

Agora, uma banda desorganizada de klezmer faz uma serenata para ele enquanto fotógrafos tiram retratos e meninos executam uma dança tradicional hassídica em sua homenagem. Essa cena já foi repetida inúmeras vezes em mais de 400 vilarejos espalhados pela Rússia e pelas ex-repúblicas soviéticas. 

Leviev é um cidadão israelense de 47 anos, nascido no Uzbequistão e seguidor do movimento Lubavitch, que doa pelo menos US$ 30 milhões todos os anos para trazer judeus que se perderam de volta ao rebanho.

Este bilionário pouco conhecido é também a nêmesis da De Beers, a gigante mineradora e comerciante de diamantes, conhecida como o “Sindicato”. Leviev já foi um sightholder, nome dado àqueles que compunham o exclusivo grupo de compradores diretos de diamantes brutos da De Beers.

Hoje [2003] ele é o maior lapidador e polidor de pedras preciosas do mundo e uma fonte primária de pedras brutas para outros lapidadores, polidores e joalheiros em diversos países. 

Reprodução/Forbes

Quando o Leviev verdadeiro apareceu na capa da Forbes, em 2003, seu patrimônio valia cerca de US$ 2 bilhões

Aqueles que assistiram sua ascensão nas últimas três décadas dizem que foi seu intenso ódio pela De Beers que o alimentou. Ele se irritou com o tratamento arrogante dado pelo Sindicato aos compradores, que recebiam caixas de diamantes brutos com preços pré-fixados, em um esquema pegar-ou-largar, e corriam o risco de serem permanentemente excluídos das compras se se recusassem.

Leviev não critica abertamente seu ex-sócio sul-africano. Mas sua antipatia também não é totalmente disfarçada. “Eu não vou deixar ninguém me dizer como administrar meu negócio”, diz ele. 

“Eu cresci na União Soviética. Eu sabia o que era ter medo. Lembro-me de ter sido espancado regularmente pelos valentões na escola, e disse a mim mesmo que nunca mais teria medo de ninguém ou de nada.”

De fato, ele tomou para si negócios significativos da De Beers na Rússia e na Angola – dois dos maiores produtores mundiais de diamantes brutos em termos de valor. 

Leviev não humilhou o outrora poderoso Sindicato sozinho. Mas seu desafio inspirou outros, como a Rio Tinto, proprietária da mina australiana Argyle, que jogou a De Beers para escanteio pela primeira vez em 1996 e vendeu seus 42 milhões de quilates diretamente para polidores na Antuérpia. 

No início da década de 1990, o governo russo começou a vender parte de seu estoque de diamantes para outras empresas, apesar de ter um acordo de exclusividade de longa data com a De Beers. 

Quando mineiros descobriram enormes reservas de diamantes na região noroeste do Canadá, a De Beers teve que lutar por um pedaço. Em 1998, a companhia tinha 80% de participação no mercado de diamantes brutos; em 2003, essa fatia caiu para 60%. 

A razão pela qual Leviev é visto como uma ameaça tão grande é que ele abalou profundamente o comércio tradicional de diamantes. Até recentemente, a De Beers tinha controle sobre a oferta mundial e determinava quem podia comprar pedras brutas – e em que quantidade e qualidade – e quais centros de corte podiam prosperar. 

Leviev deu um fim ao cartel ao negociar diretamente com os governos dos países produtores de diamantes, destruindo a estreita relação da De Beers com os sightholders. 

Ele também se tornou o primeiro empresário de diamantes a atuar em todas as fases de produção, desde a mineração e o corte até o polimento e a venda no varejo, lucrando em todas as etapas.

Leviev ficou muito rico derrotando a De Beers. Ele é dono de 100% de seu negócio de diamantes, o Lev Leviev Group, e tem uma participação majoritária na Africa Israel Investments, um conglomerado sediado na cidade de Yehud, em Israel.

A Africa Israel Investments é dona de imóveis comerciais em Praga e Londres; da Gottex, uma empresa de moda praia; 1.700 postos de gasolina no sudoeste dos EUA; 173 lojas 7-Eleven nos estados norte-americanos de Novo México e Texas; uma participação de 33% na Cross Israel Highway, a primeira rodovia com pedágio do país; e de uma participação de 85% no Vash Telecanal, o canal de TV em russo de Israel. 

Leviev também tem uma mina de ouro no Cazaquistão, participações em duas minas de diamantes na Angola, e licenças de mineração nos Urais, na Rússia, e na Namíbia. A Forbes estima seu patrimônio em cerca de US$ 2 bilhões.

Uma parte dessa riqueza vem da exploração de conexões políticas – o que lhe rendeu inimigos e suspeitas.

Um exemplo recente: quando Leviev estava preparando uma oferta para comprar 40% da mina de diamantes Argyle, na Austrália, os bancos que o financiavam desistiram no último momento. Fontes dizem que a decisão foi motivada pela falta de transparência dos negócios de Leviev. 

Mesmo que suas mãos estejam limpas, Leviev lidou com pessoas cujas luvas estavam sujas. Sua brigada onipresente de corpulentos guardas armados não é apenas questão de aparência.

Alguns membros do “establishment” judaico da Rússia não veem com bons olhos o fato de Leviev promover sua própria corrente de hassidismo. Ele foi criticado por conseguir que o presidente Vladimir Putin concedesse a cidadania russa a um rabino do movimento Lubavitch – poucos dias depois, Leviev fez com que ele fosse instalado como rabino-chefe da Rússia, embora o país já tivesse uma pessoa ocupando o cargo. 

Críticos dizem que ele está brincando com fogo ao se alinhar tão estreitamente com Putin. Se o presidente se voltar contra ele, as atividades judaicas de Leviev podem ser vistas como uma violação da promessa que os oligarcas russos fizeram a Putin de ficar fora da política para manter seus bens – a maioria desses patrimônios foi adquirida no início dos anos 1990.

Não há como negar a influência de Leviev. Seu relacionamento com Putin remonta a 1992, quando o presidente, então vice-prefeito de São Petersburgo, autorizou a abertura de uma nova escola judaica na cidade, a primeira em meio século, depois que o prefeito hesitou em fazê-lo. 

Leviev também se tornou um nome notável entre Israel e os países da Ásia Central. Ele convenceu os regimes seculares desses Estados de maioria islâmica a combater grupos terroristas fundamentalistas. 

O empresário, que vive em Bnei Brak, um enclave ultraortodoxo em Israel, é um colaborador próximo do primeiro-ministro israelense Ariel Sharon e dos presidentes do Cazaquistão e de sua terra natal, o Uzbequistão. Entre seus amigos na África estão os presidentes José Eduardo dos Santos, da Angola, e Sam Nujoma, da Namíbia.

Leviev cresceu em Tashkent, a capital do Uzbequistão. Mesmo sob o comunismo, sua família continuou seguindo o movimento Chabad-Lubavitch; todos os homens aprenderam, em segredo, a realizar rituais de circuncisão. 

O pai de Leviev, Avner, era um comerciante têxtil de sucesso e colecionador de tapetes persas raros. Após sete anos de espera, a família emigrou para Israel em 1971, quando vendeu todo o seu patrimônio para comprar o equivalente a  US$ 1 milhão em diamantes brutos, que foram contrabandeados para fora do Uzbequistão.

Mas, quando a família tentou vender as pedras em Israel, foram informados de que os diamantes eram de qualidade inferior e valiam apenas US$ 200 mil. Leviev, à época com 15 anos de idade, prometeu corrigir a injustiça. Apesar das objeções de seu pai, ele deixou a yeshiva e uma vida de educação religiosa para começar a lapidar diamantes.

Ele abriu sua própria fábrica de lapidação em 1977 – quando a especulação no crescente mercado israelense de diamantes ainda não era controlada. A maioria dos lapidadores mantinha estoques, apostando em preços cada vez maiores. Três anos depois, quando o mercado entrou em colapso, os bancos pararam de conceder crédito e muitos lapidadores faliram. 

Leviev não havia feito empréstimos e estava em boa forma financeira. Ele expandiu os negócios e chegou a 12 pequenas fábricas nos cinco anos seguintes. Com dificuldades para encontrar diamantes brutos suficientes, ele ia frequentemente a Londres, Antuérpia, Joanesburgo e Sibéria. 

Ele também adaptou a tecnologia a laser e adquiriu um software de corte – uma inovação revolucionária na época – para lucrar mais com seu precioso estoque.

Mais tarde, seus lapidadores já conseguiam produzir modelos 3D digitais de diferentes possibilidades de cortes, levando em consideração imperfeições, tamanho, peso e forma, antes mesmo de tocar na pedra. 

“Parte de sua genialidade”, diz Charles Wyndham, cofundador da WWW International Diamond Consultants e ex-diretor do braço de vendas da De Beers, “era casar tecnologia de ponta com exatamente o que o mercado queria”.

Em 1987, a De Beers convidou Leviev para se tornar um sightholder, uma posição privilegiada concedida a menos de 150 pessoas. Naquela época, ele era um dos maiores fabricantes de pedras polidas de Israel. 

Dois anos depois, o grupo estatal de mineração e venda de diamantes da Rússia, agora chamado Alrosa, pediu a Leviev para ajudá-lo a montar fábricas próprias de lapidação em uma joint venture chamada Ruis. 

Foi a primeira vez em que diamantes brutos começaram a ser finalizados no país de origem. 

Durante décadas, a De Beers canalizou todos os diamantes brutos por meio de sua Diamond Trading Co., em Londres, antes de revendê-los aos sightholders com uma margem de lucro. Um diamante extraído, por exemplo, na África, viajava meio mundo antes de ser revendido para um sightholder na África.

Hoje [2003], Leviev detém 100% da Ruis, que lapida US$ 140 milhões em diamantes por ano, além de operações de polimento, incluindo uma em Perm, na Rússia, e outra na Armênia.

Leviev entrou no negócio cultivando um relacionamento próximo com Valery Rudakov, que dirigia a Alrosa durante o governo do líder soviético Mikhail Gorbachev. A parceria abriu as portas do Kremlin para Leviev. 

“Nunca falei sobre negócios com Gorbachev”, insiste Leviev. “Falei com ele sobre a abertura de escolas judaicas que não existiam há 70 anos.” Mas ele provavelmente confirmou as suspeitas de Rudakov (e as de Gorbachev) de que a De Beers estava comprando as gemas russas por menos do que valiam. 

O acordo de Leviev irritou a De Beers e deu a ele um pedaço do mercado de diamantes brutos da Rússia. Em 1995, a empresa o expulsou do círculo dos sightholders. Acredita-se amplamente que Leviev, talvez antecipando a retaliação do Sindicato, já havia garantido um carregamento bruto do Gokhran (a reserva estatal de pedras preciosas, ouro, arte e antiguidades da Rússia, que era administrado por Yevgeni Bychkov, amigo de Boris Yeltsin). 

Naquela época, o governo russo decidiu se desfazer de parte do estoque de pedras brutas e polidas que vinha acumulando há muito tempo, provavelmente desde 1955. 

No início dos anos 1990, o conjunto foi avaliado em até US$ 12 bilhões por Chaim Even-Zohar, editor da influente revista especializada Diamond Intelligence Briefs. Há fortes rumores de que Leviev foi o meio encontrado pelas autoridades para liquidar o estoque.

Além disso, a reserva estatal russa continha algumas das pedras mais preciosas do mundo, de cem quilates ou mais, diz Richard Wake-Walker, cofundador da WWW International Diamond Consultants. 

“A incrível qualidade que estávamos vendo não poderia vir de apenas um ano de mineração”, diz Barry Berg, vice-presidente de vendas internacionais da William Goldberg Diamond, uma empresa de Manhattan que aproveitou o fluxo sem precedentes de pedras no mercado. Em 1997, uma parte significativa do estoque desapareceu.

Toda aquela liquidação foi lícita? “É para isso que servem as reservas estatais”, diz Rudakov, que agora é presidente de uma unidade da Norilsk Nickel. “Quando um país está em perigo, ele pode vender suas reservas.”

Era claro, porém, que os recursos foram usados para fins menos legítimos. “O Kremlin tinha ao menos um caixa-dois e concedeu uma série de vantagens questionáveis”, diz John Helmer, jornalista que trabalha como correspondente na Rússia há décadas. “Parte dos lucros foi para campanhas eleitorais, outra parte para contas no exterior e o restante para os bolsos dos beneficiados.” 

Se ele foi o canal para as transações, Leviev teve grandes lucros. “Você compra hoje, vende uma hora depois e recebe o pagamento amanhã”, explica Barry Berg, comprador de Manhattan. Leviev nega qualquer papel na liquidação das reservas da Rússia. “Isso é fofoca barata”, diz ele categoricamente.

O que quer que Leviev estivesse fazendo durante os anos de Yeltsin, ele manteve um perfil discreto. O bilionário evitou ser ligado à “Família”, um grupo de empresários que tinha se tornado milionários recentemente e tentavam converter sua influência econômica em poder político. Foi uma jogada inteligente, porque quando Putin se tornou presidente, ele marginalizou alguns membros da Família, como Boris Berezovsky. 

Leviev manteve laços estreitos com Putin, intermediando as primeiras reuniões entre o novo presidente russo e políticos israelenses proeminentes.

Em meados dos anos 1990, enquanto a De Beers disputava com Leviev na Rússia, a empresa tinha outro problema mais perto de casa: diamantes de sangue, aqueles que pagavam por facas e armas. 

Angola, o terceiro maior produtor mundial de diamantes brutos, foi invadida por forças rebeldes que se opunham ao presidente Santos. Os rebeldes também tomaram controle das minas e inundaram o mercado com até US$ 1,2 bilhão em diamantes por ano. 

A De Beers não tinha escolha a não ser comprar o material ou arriscar perder o controle sobre os preços, de acordo com o grupo Global Witness, com sede em Londres.

Os diamantes de sangue se tornaram uma pedra no sapato das relações públicas da De Beers. Em 1998, as Nações Unidas impuseram sanções à compra de diamantes dos rebeldes angolanos. Um relatório amplamente divulgado pela Global Witness destacou a De Beers por “operar com uma extraordinária falta de responsabilidade”. 

Sob pressão, o Sindicato fechou seus escritórios de compras na Angola e na República Democrática do Congo, enquanto continuava a minerar na Angola.

Leviev já havia deixado uma marca em Angola em 1996. Naquele ano, ele conseguiu um investimento de US$ 60 milhões em troca de 16% da maior mina de diamantes do país depois que o governo a recuperou dos rebeldes. A estatal russa Alrosa, que era sócia do negócio, não conseguiu levantar o dinheiro. 

“Dos Santos disse que eu fui o único que ajudou seu país”, afirma Leviev, que usava ex-agentes da inteligência israelense para patrulhar suas minas. Segundo um relatório da ONG Center for Public Integrity, os dois homens se aproximaram graças à aversão mútua à De Beers e por ambos falarem russo. 

Leviev também se ofereceu para aumentar as receitas estatais e combater as exportações ilegais. Ele ainda deu ao governo angolano 51% da Angola Selling Corp., ou Ascorp, a compradora exclusiva de diamantes brutos angolanos. Insiders do setor afirmam que Isabella Dos Santos, filha do presidente, é dona de uma participação na Ascorp. Leviev diz que não sabe nada disso.

Seus negócios na Rússia, Angola e Namíbia são parte da estratégia de Leviev de ter produções de diamantes brutos geopoliticamente diversificadas. Ele recentemente comprou uma participação em Camafuca, no nordeste da Angola, e uma licença de exploração de diamantes nos montes Urais da Rússia. 

Leviev se gaba: “Sou o único empresário de diamantes verticalmente integrado do mundo”. Mas a De Beers também está se movimentando para se verticalizar. Depois de perder seu domínio sobre o mercado, a empresa passou a atuar no varejo e formou uma joint venture com a LVMH Moet Hennessy Louis Vuitton, lançada em 2000, para criar uma marca de luxo que venderia diamantes com uma margem maior.

A De Beers LV, como é conhecida a parceria, não fez teve o sucesso esperado. Até agora, o empreendimento possui apenas uma loja independente na Bond Street, em Londres. O lançamento de uma loja na Madison Avenue, em Nova York, foi adiado indefinidamente.

Leviev também deixando a antiga rivalidade para trás – e indo além do negócio sujo dos diamantes. Você vê isso em seus últimos investimentos. Ele e seus sócios estão financiando US$ 1 bilhão em empreendimentos imobiliários na Rússia nos próximos quatro anos, incluindo três prédios de escritórios no centro de Moscou. O bilionário espera investir um valor semelhante em complexos residenciais e de escritórios em Nova York, Dallas e San Antonio. 

Você também pode ver isso em suas atividades políticas. Em junho, ele intermediou uma reunião em Moscou entre Putin e líderes judeus americanos, incluindo James Tisch, executivo-chefe da Loews Corp., para discutir as relações EUA-Rússia.

Talvez sua filantropia religiosa seja parte da estratégia por legitimidade. Nos últimos anos, ele expandiu as iniciativas Chabad, antes confinadas à Rússia e outras ex-repúblicas soviéticas, para o Ocidente. 

Em 2003, ele montou uma escola em Dresden para ensinar a fé judaica aos emigrantes judeus não religiosos. Em 2002, ele abriu uma nova escola em Queens, em Nova York, que atende 350 estudantes judeus cujas famílias moravam anteriormente no Uzbequistão e no Tadjiquistão. 

“Trata-se de permanecer fiel ao legado do meu pai”, diz ele. “Tudo que eu quero é que as pessoas nesses lugares saibam que são judias.” Poucos segundos depois, ele é conduzido pelo aeroporto Sheremetyevo, em Moscou, onde uma caravana de SUVs fortemente vigiados o aguarda.