Ele tinha acabado de se mudar de Goiânia para São Paulo quando decidiu começar a investir. Estudante de engenharia elétrica da USP (Universidade de São Paulo), o jovem de 17 anos era apaixonado por computação e desde muito novo sabia que era com isso que queria trabalhar, mas o destino o levou para outro caminho.
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Sabendo do novo interesse do filho por investimentos, seu pai lhe deu R$ 5 mil de suas economias para começar a aprender. Braga passou a estudar e entender mais sobre operações e análise técnica de gráficos, o que gerou confiança para investir o dinheiro.
“Em seis meses eu tinha transformado os R$ 5 mil em R$ 20 mil, eu já estava me achando o Warren Buffett jovem. Pouco tempo depois, eu estava no meu computador com um olho na aula e outro no home broker e percebi que os meus investimentos em uma opção da Telemar tinham dado errado. Eu quebrei, perdi tudo”, conta.
“Com tudo que aprendi com essa situação, hoje até parece ter saído barato”, brinca ele. Assim começou sua carreira no mercado financeiro.
Sentindo que queria ir no caminho dos investimentos, começou a procurar vagas em empresas do mercado financeiro. Na época, Jorge Paulo Lemann, hoje na 108ª posição do ranking de bilionários da Forbes, vendeu o famoso Banco Garantia para o Credit Suisse e criou, junto aos sócios Carlos Sicupira e Marcel Telles, sua própria gestora, a GP Investimentos.
“Todas aquelas histórias do Garantia que a gente ouvia sobre a agressividade do banco me fizeram querer uma oportunidade”, conta.
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“Foi o meu primeiro emprego depois de formado. Eles me chamaram para varrer o chão. Eu chegava às 7h30 da manhã e tinha que bater as cotas dos fundos na mão, para sair só às 23h, mas eu amava. Quatro meses depois, eles já me colocaram na mesa para operar. Era o emprego dos sonhos”, diz.
Por novo acaso do destino, Braga recebeu uma oportunidade para cuidar da gestão das ações listadas na Bolsa de Valores, na gestora Hedging-Griffo, de Luis Stuhlberger. Em sua passagem pela empresa, fez um pouco de tudo, até se tornar sócio. Pouco tempo depois de ocupar a nova posição, a empresa também foi vendida para o Credit Suisse, como o Garantia.
“Após a venda, nós tivemos que assinar um contrato atestando que só trabalharíamos lá pelos próximos oito anos. Eu tinha 26 anos de idade. Foi uma experiência bacana por ter recebido a confiança de ficar mais tempo por lá. Assim, completei 18 anos na empresa em 2014″, conta.
Ele cuidava da análise de empresas e tinha sua independência muito bem estabelecida dentro da gestora, na direção da XP Asset, onde ganhou nome e virou sócio. “Foi muito legal ver todo esse crescimento da empresa. Eu fui muito feliz lá”. Porém, sua vontade de criar uma gestora própria foi mais forte.
Assim, em 2020, nasceu a Encore.
“Eu conversei com o Guilherme e disse que queria uma coisa mais independente. Apesar de ter toda a liberdade na XP, ela é uma empresa grande, então essa liberdade vai diminuindo. Mas nós achamos uma forma legal de mudar essa situação: eu deixei de ser sócio da XP e eles viraram meus sócios na Encore”, explica.
Andando com as próprias pernas
A Encore foi pensada no formato de parcerias, visto por Braga como o mais funcional no setor. Ele conta que das 18 pessoas que trabalham na Encore, dez são sócias.
“A Encore é a tentativa de consertar todos os erros que cometi ao longo da carreira, como os motivos pelos quais quebrei pela primeira vez”, diz. Para ele, o timing do início do negócio foi muito bom, já que foi possível comprar ações baratas, por causa da crise causada pela pandemia do coronavírus.
“Eu e meus sócios temos uma cabeça muito contrária à maré. Se ninguém quer, nós queremos”, complementa.
“Nós nos preocupamos muito com processos, com dados precisos e muita tecnologia. Hoje nós subimos para a nuvem 500 gigas de dados por dia e depois fazemos contas, processamos, fazemos estatísticas. Isso já se faz fora do país, mas aqui ainda não funciona dessa forma”, conta Braga.
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Sua visão é de que todos os investidores possam aportar nos fundos da asset, mas ele afirma que é preciso ter pensamento de longo prazo e saber acompanhar as altas e quedas dos papéis de forma leve.
Ele conta que grande parte do seu dinheiro e dos sócios está aplicada no mesmo fundo que oferece aos investidores. “Se o cliente ganha dinheiro, eu ganho dinheiro”, resume.
Para ter retorno, Braga afirma que é necessário levar em consideração a qualidade da empresa e não apenas o momento econômico vivido – mas o cenário é levado em consideração. A alta das commodities é um exemplo claro. Braga conta que fez alterações nos ativos para aproveitar os retornos, mas que o fundamento das empresas continua o mesmo. E é dessa forma que ele pretende continuar trabalhando.