A reunião marcou ainda uma vitória para os minoritários, que conseguiram mais uma vaga no colegiado e aumentaram sua representatividade para quatro assentos, de um total de 11, destacaram analistas.
Acompanhe em primeira mão o conteúdo do Forbes Money no Telegram
A aprovação ocorreu após longa assembleia de acionistas, iniciada na tarde de quarta-feira e encerrada no final da noite. Antes de a reunião começar, houve uma agitação entre minoritários sobre alterações no estatuto da companhia, e a votação dos conselheiros também teve atraso por um problema na contagem de votos, segundo duas fontes que acompanharam o processo.
A empresa disse em nota que foi retirada de pauta da assembleia a deliberação da proposta de reforma de Estatuto Social para alterar os artigos 21, 22, 23, 29, 30, 33, 35 e 40. Alguns deles tratam, por exemplo, das atribuições e competências da diretoria executiva e do conselho de administração da companhia, além de requisitos para indicação a cargos nessas esferas.
Hoje (14), está prevista a realização de reunião do novo conselho para apreciar a indicação de Coelho ao cargo de presidente da companhia –pelas regras da empresa, é dessa forma que o nome para ocupar o comando da petroleira é confirmado.
Coelho foi escolhido pelo governo após descontentamento do presidente Jair Bolsonaro com a atuação do general da reserva Joaquim Silva e Luna na presidência da estatal, que teve de subir fortemente os valores dos combustíveis nas refinarias para acompanhar a escalada do petróleo na esteira da guerra da Ucrânia.
Coelho, contudo, conquistou adeptos entre os acionistas do mercado com declarações anteriores de apoio a políticas de livre mercado, como atrelar os preços dos combustíveis domésticos aos valores internacionais do petróleo, em vez de subsidiar o produto para os brasileiros.
A troca da presidência na Petrobras foi tumultuada, com o primeiro escolhido pelo governo para o cargo, o consultor de energia Adriano Pires, desistindo do posto em meio a informações de conflito de interesse para assumir o comando da companhia.
Foram eleitos também para o conselho Murilo Marroquim de Souza, Ruy Schneider, Sônia Villalobos, Marcelo Gasparino da Silva e Rosangela Torres (representante dos empregados), que já integravam o colegiado anterior.
Minoritários
A assembleia elegeu ainda Luiz Henrique Caroli e José João Abdalla Filho, este último um bilionário que detém uma fatia considerável da Petrobras e está entre os maiores investidores da bolsa de valores do Brasil.
Contando com Abdalla Filho, os acionistas de mercado aumentaram com sucesso sua representação para quatro no conselho.
“Os minoritários conseguiram o que desejavam… Esse era o tema mais incerto da assembleia”, disse Fred Nobre, economista e líder da área de análise da corretora Warren.
A nomeação de Abdalla Filho aumentará a participação dos acionistas do mercado no conselho, mas os analistas estão divididos sobre o significado final da composição do órgão, já que o governo mantém a maioria por estatuto.
Francisco Petros Oliveira Lima Papathanasiadis foi eleito pelos detentores de ações ordinárias, enquanto Marcelo Siqueira Filho pelos preferencialistas. Gasparino já ocupava o conselho anterior, como representante dos minoritários.
Para os analistas do banco Leonardo Marcondes e Monique Greco, o resultado da reunião trouxe mais equilíbrio à composição do conselho e fortaleceu a governança da companhia. Eles destacaram ainda uma menor taxa de rotatividade dos conselheiros na eleição, de 36%, ante o padrão histórico de 54%.
As ações da Petrobras operavam em ligeira queda nesta quinta-feira, na esteira de um recuo nos preços do petróleo.