Por Luana Maria Benedito
SÃO PAULO (Reuters) -O dólar engatava uma terceira queda diária consecutiva nesta segunda-feira, seguindo a fraqueza da divisa norte-americana no exterior conforme investidores comemoravam o anúncio de que haverá alívio nas restrições na China e reavaliavam expectativas de aperto monetário nos Estados Unidos, abandonando apostas muito agressivas.
Na mínima do dia, a moeda norte-americana chegou a cair 1%, a 4,6911 reais, patamar que, se mantido até o fim do pregão, seria equivalente a uma mínima para encerramento desde 20 de abril passado (4,6186).
Na B3, às 10:42 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,61%, a 4,7020 reais.
Guilherme Esquelbek, da Correparti Corretora, chamou a atenção para o bom desempenho dos ativos de risco internacionais nesta manhã em meio à perspectiva de retomada gradual da atividade em cidades chinesas após semanas de duras medidas de restrição para combater a Covid-19. As autoridades do centro financeiro de Xangai, por exemplo, vão suspender um lockdown de dois meses a partir da meia noite de quarta-feira.
Contra uma cesta de seis rivais fortes, a divisa norte-americana caía cerca de 0,2% no dia. Seu índice, negociado em torno da marca de 101,5, estava mais de 3% abaixo de um pico em duas décadas acima de 105 atingido em meados deste mês.
Em relatório publicado nesta segunda-feira, estrategistas do BTG Pactual atribuíram parte do movimento recente de arrefecimento do dólar no exterior a um fortalecimento do euro após sinalizações mais duras de autoridades de política monetária do Banco Central Europeu (BCE), e disseram que o real acompanhou esse movimento.
Várias autoridades da zona do euro têm sinalizado que o BCE começará a elevar suas taxas de juros a partir de julho, o que não deixaria mais os Estados Unidos isolados entre as principais economias no aperto das condições monetárias.
Participantes do mercado também têm apontado uma moderação nas expectativas de aumentos de juros pelo Federal Reserve como um obstáculo para o dólar.
Apenas algumas semanas atrás, havia fortes apostas de que o banco central dos EUA seria forçado a adotar eventual aumento de juros de 0,75 ponto percentual, mas, atualmente, a visão predominante é de que o Fed promoverá ajustes de 0,5 ponto em suas próximas duas reuniões e, depois, provavelmente fará uma desaceleração ou até pausa para avaliar o impacto do aperto na economia.
Desde março deste ano, o Fed já aumentou os custos dos empréstimos da maior economia do mundo em 0,75 ponto percentual. Juros mais altos por lá tendem a beneficiar a moeda norte-americana, já que tornam a segura renda fixa local mais atraente para o capital estrangeiro. Da mesma maneira, uma condução menos intensa do aumento das taxas pode levar ao redirecionamento de recursos dos EUA para países mais rentáveis.
O dólar à vista fechou a última sessão, na sexta-feira, em queda de 0,49%, a 4,7384 reais na venda, menor valor desde 20 de abril (4,6186 reais).
(Edição de Camila Moreira)