SÃO PAULO (Reuters) -O dólar engatou a terceira queda seguida e fechou pouco acima de 4,80 reais na sessão, após cair abaixo desse patamar ao longo da jornada, com as operações domésticas mais uma vez replicando a movimentação externa, que nesta segunda-feira foi de forte apetite por risco e de nova queda global da divisa norte-americana.
O dólar à vista encerrou em baixa de 1,31%, a 4,8075 reais –menor valor desde 22 de abril (4,8065 reais).
Operadores domésticos espelharam o dia de fraqueza do dólar no exterior. O índice da moeda dos EUA contra pares caía 0,84% no fim da tarde, queda acentuada para os padrões do índice, que aprofundava as perdas desde a máxima em 20 anos do último dia 13 para 2,8%. As divisas emergentes saltavam 1%, para picos em pouco mais de um mês.
Investidores tentam retomar a confiança que há dias é golpeada por incertezas sobre os efeitos do aperto das políticas monetárias, da inflação elevada e das debilidades da economia chinesa sobre o crescimento global.
Mas, num sinal animador, os contratos futuros de minério de ferro de referência na China subiram cerca de 7% nesta segunda-feira, seguindo seu maior salto diário em dois meses e meio. O minério de ferro é um dos principais produtos da pauta de exportação brasileira, e suas oscilações mexem nos termos de troca, variável que entra na conta de cálculos de taxa de câmbio de equilíbrio.
Do ponto de vista técnico, alguns indicadores apontam continuidade da queda do dólar. No fim da semana passada a moeda voltou a deixar para trás sua média móvel de 50 dias, sinal de maior pressão de venda. Pelo MACD, que mistura médias móveis, a média curta segue abaixo da longa –e sem sinal de reversão–, indicativo de panorama de preços em baixa.
O índice de força relativa de 14 dias (IFR-14) –uma medida de quão rápidas têm sido as oscilações de preços na taxa de câmbio– ainda está em 40, acima, portanto, da linha de 30, abaixo da qual o dólar estaria barato demais –o que poderia atrair compras.
À frente, no entanto, analistas ainda veem um cenário mais duvidoso para o real.
(Edição de Isabel Versiani)