Por aqui, o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central começa seu encontro no dia em que servidores da autarquia devem retomar uma greve. O consenso nos mercados é de que a taxa Selic será elevada em 1 ponto percentual, a 12,75%, mas o foco estará nas sinalizações do colegiado sobre possíveis ajustes adicionais nos juros.
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Juros mais altos no Brasil tendem a beneficiar o real, já que tornam os retornos da renda fixa local mais atraentes, mas os mercados financeiros não estão atentos apenas ao Copom: precisam levar em consideração a forte expectativa de endurecimento do aperto monetário nos EUA, que deve impulsionar os rendimentos da dívida norte-americana, bem mais segura que a brasileira.
A aposta num aumento de 0,5 ponto percentual nos juros pelo Federal Reserve na quarta-feira, ao fim de seu encontro de dois dias, já é praticamente consenso no mercado. Isso marcaria a dose de aperto mais intensa desde 2000, sinalizando a determinação do banco central de domar a inflação mais alta em 40 anos. Na véspera, diante dessa expectativa, a taxa do título soberano norte-americano de dez anos superou 3% pela primeira vez em mais de três anos.
“Para o Brasil, este cenário de estresse global de juros, um contexto de dólar novamente valorizado, juntamente a outras moedas de economias centrais pesa e muito na nossa inflação”, escreveu Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset.
Depois de chegar a perder 0,88% na mínima do dia, a R$ 5,0264, às 10:16 (de Brasília) o dólar à vista recuava 0,66%, a R$ 5,0375 na venda, em linha com a queda de 0,44% do índice da divisa dos EUA contra uma cesta de rivais fortes. A maioria das moedas de países emergentes também tinha recuperação contra o dólar hoje (3).
A desvalorização no mercado local vem depois de, na véspera, a moeda norte-americana ter fechado em alta de 2,58%, a R$ 5,0712 na venda, pico desde 16 de março passado (R$ 5,0917) e maior ganho diário desde 22 de abril (+4,07%), que havia sido o salto mais intenso do dólar desde o início da pandemia de Covid-19.
A alta da sessão passada veio na esteira de avanço acumulado de 3,8% em abril, que marcou uma interrupção da tendência de queda do dólar vista nos primeiros três meses do ano –quando a moeda norte-americana perdeu 14,5%, pior desempenho trimestral desde meados de 2009.
A operação havia sido anunciada na véspera, e marcou nova intervenção extraordinária da autarquia no mercado de câmbio, que na terça-feira passada havia vendido R$ 500 milhões em contratos de swap em meio à disparada da divisa norte-americana frente ao real. Antes disso, no dia 22 de abril – quando o dólar saltou mais de 4% -, o BC chegou a vender R$ 571 milhões à vista.
A autarquia também ofertará, entre 11h30 e 11h40 (de Brasília), 15 mil contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 1° de junho de 2022, operação que já era prevista em calendário.
Na B3, às 10:16 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,94%, a R$ 5,0820.