SÃO PAULO (Reuters) -O dólar saltava nesta segunda-feira, chegando a superar a marca de 5,15 reais em meio à disparada internacional da moeda norte-americana, que era impulsionada pela perspectiva de endurecimento da política monetária do Federal Reserve e temores de uma desaceleração econômica global.
Às 10:27 (de Brasília), o dólar à vista avançava 1,08%, a 5,1282 reais na venda.
Na B3, às 10:27 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,92%, a 5,1635 reais.
O salto do dólar nesta segunda-feira era generalizado, com poucas das principais divisas globais sendo poupadas do rali. Peso mexicano, peso chileno, dólar australiano e rand sul-africano, alguns dos principais pares arriscados do real, por exemplo, perdiam de 0,4% a mais de 1% no dia.
Contra uma cesta de seis rivais de países ricos, a divisa norte-americana tinha queda de 0,2%, mas ainda estava próxima de um pico em duas décadas atingido mais cedo nesta segunda-feira. O patamar elevado do índice do dólar acompanhava a disparada dos rendimentos dos títulos soberanos referenciais dos Estados Unidos, que estavam acima de 3% e atingiram seu maior patamar em três anos e meio.
Por trás desses movimentos mais avessos ao risco, os “mercados reagem a temores de desaceleração econômica e aperto monetário”, explicou em relatório o Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos do Bradesco.
Na semana passada, o banco central dos Estados Unidos, o Federal Reserve, elevou os juros em 0,5 ponto percentual, a dose de aperto mais forte em mais de duas décadas, à medida que busca domar uma inflação persistente. O Fed já havia subido os juros em março, embora a ritmo mais tímido, de 0,25 ponto.
Agora, crescem nos mercados apostas em postura ainda mais agressiva da autoridade monetária, com a maioria dos operadores antevendo aumento de 0,75 ponto nos custos dos empréstimos no mês que vem.
Juros mais altos nos EUA tendem a frear o consumo, o que desaceleraria o crescimento econômico num contexto global muito desafiador, à medida que a guerra na Ucrânia se arrasta e a China continua firme em sua política de tolerância zero no combate à Covid-19.
Colaborando para a aversão a risco dos mercados nesta segunda-feira, dados mostraram que o crescimento das exportações chinesas desacelerou a um dígito, nível mais fraco em quase dois anos, elevando a perspectiva de uma recessão na maior economia do mundo, o que poderia contaminar a atividade de vários outros países.
A moeda norte-americana à vista já vem de uma sequência de duas altas diárias consecutivas, depois de fechar a última sessão, na sexta-feira, a 5,0733 reais, maior valor para um encerramento desde 16 de março (5,0917 reais). Essa cotação, por sua vez, marcou a terceira valorização semanal seguida do dólar.
Na quarta-feira, será divulgada a leitura de abril do índice de preços ao consumidor norte-americano, que será seguida, na quinta, de dados sobre a inflação ao produtor.
(Edição de Camila Moreira)