Por José de Castro
SÃO PAULO (Reuters) -O dólar fechou em alta moderada contra o real nesta segunda-feira, num dia de menor volume de negócios e sem a referência dos mercados norte-americanos, fechados por causa de feriado, o que abriu espaço para volatilidade às vésperas da formação da Ptax de fim de mês.
Na mínima, a cotação caiu 1,00%, a 4,6911 reais, menor patamar desde 22 de abril.
Lá fora, o dólar tinha um dia misto contra pares emergentes do real, em queda de 0,6% frente ao rand sul-africano, mas em alta de 0,4% em relação ao peso chileno, por exemplo.
O que chamou atenção no dia foi o baixo volume de negócios. Na B3, pouco mais de 172 mil contratos de dólar futuro haviam trocado de mãos até as 17h31. O pregão se encerra às 18h, mas no ritmo atual o giro caminha para ser o menor desde fevereiro e está 41% abaixo da média de 30 dias.
O dia mais esvaziado decorreu da ausência de operações nos mercados norte-americanos, em observância ao Memorial Day, o que reduziu a presença de investidores norte-americanos em todo o mundo.
A leve alta do dólar nesta segunda vem depois de a moeda recuar 9,07% desde a máxima de 5,211 reais alcançada no último dia 12. De forma geral, alguns analistas ainda defendem chances de a taxa de câmbio apreciar adicionalmente.
“Após uma reviravolta devido aos movimentos do Banco Central norte-americano (FED) que indicou um aperto mais forte na sua taxa básica -que deve ir para 4%- é provável que vejamos uma volta aos fundamentos monetários e comerciais brasileiros que irão jogar o Real numa posição ainda mais forte”, disse em comentário André Perfeito, economista-chefe da Necton, citando preços elevados das commodities e juros maiores no Brasil.
O colegiado do BC se reúne em 14 e 15 de junho para deliberar sobre a Selic, e as apostas no mercado de juros indicam maior probabilidade (84%) de incremento de 50 pontos-base, para 13,25% ao ano, mas com 16% de chance de elevação mais forte, de 75 pontos-base.
Em videoconferência nesta segunda-feira, o diretor de Política Monetária do BC, Bruno Serra, destacou que o real passou a ser destaque positivo desde a virada do ano na comparação com outras moedas e que o efeito na inflação será visto nos próximos meses.
O real aprecia, em termos nominais, 17,26% ante o dólar em 2022, melhor desempenho entre 33 pares da divisa norte-americana.