Eduardo Saverin, bilionário do Facebook, desiste de listar a B Capital em Wall Street

4 de maio de 2022
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Eduardo Saverin, cofundador do Facebook, é a segunda pessoa mais rica do Brasil, segundo a Forbes, com uma fortuna estimada em US$ 10,6 bilhões

A B Capital, empresa de investimentos liderada pelo cofundador do Facebook Eduardo Saverin e o ex-executivo da Bain Capital Raj Ganguly, abandonou seus planos de abrir capital por meio de uma fusão com uma empresa de aquisição de propósito específico (spac). A firma junta-se a um número crescente de negócios que desistiram de operações desse tipo em meio à crescente volatilidade do mercado.

“Analisamos a possibilidade de fazer nossa própria fusão spac”, disse Ganguly, sócio-gerente da B Capital, em entrevista recente à Forbes Ásia por videoconferência. “Neste momento, não temos planos atuais para fazê-l0. Acreditamos que o mercado spac é interessante, mas que ele ficou superaquecido no ano passado.”

Em fevereiro de 2021, a B Capital apresentou documentos à SEC (comissão de valores mobiliários dos EUA) para levantar US$ 300 milhões para uma spac que foi chamada de B Capital Technology Opportunities Corp. De lá para cá, a economia global e os preços das ações nas bolsas internacionais despencaram depois que a Rússia iniciou a invasão da Ucrânia.

Muitas companhias que abriram capital via fusões spac viram suas ações derreterem. Um exemplo é a Grab, gigante de transporte e entregas do sudeste asiático, cujos papéis são negociados em patamares bem inferiores ao de seu IPO em meio a preocupações com os prejuízos crescentes da empresa.

“Neste momento, não parece haver um ambiente positivo para as spacs”, disse Ganguly.

Mais de 3 mil spacs abriram capital no ano passado em todo o mundo, levantando mais de US$ 600 bilhões (R$ 2,9 trilhões) com seus IPOs, de acordo com dados compilados pelo escritório de advocacia americano White & Case. No entanto, o movimento deve desacelerar este ano – várias empresas cancelaram seus planos de fusão spac nas últimas semanas, incluindo as chinesas Gaw Capital e Hony Capital, e a norte-americana Victory Acquisition.

“O problema é que boa parte do financiamento que foi levantado vai expirar em 2022 e esse dinheiro está criando um buraco no bolso das companhias enquanto os investidores não resgatam os papéis”, Ganguly disse.

A B Capital também não tem pressa em lançar IPOs para as empresas de seu portfólio, seja por meio de spacs ou caminhos tradicionais de listagem em bolsa.

“Você pode ter o melhor negócio do mundo, mas a janela para IPOs está praticamente fechada”, disse Ganguly. “Eu não acho que você veremos muitos IPOs agora. Vai levar mais alguns trimestres antes que os IPOs voltem.”

Fundada em 2015 por Saverin, Ganguly e pelo lendário investidor Howard Morgan, a B Capital atualmente possui mais de US$ 3,5 bilhões (R$ 17,3 bilhões) em ativos sob gestão e escritórios em Pequim, Hong Kong, Singapura, Nova York, São Francisco e Los Angeles.

A empresa, que também é apoiada pelo Boston Capital Group, investiu em mais de 145 empresas em todo o mundo, incluindo alguns dos unicórnios de crescimento mais rápido da Ásia, como a plataforma indiana de educação online Byjus e a empresa de logística regional NinjaVan, de Singapura.

“Muitas de nossas empresas foram contatadas por spacs”, disse Ganguly. “Por enquanto, estamos um pouco céticos com planos de abertura de capital via spac para as empresas do nosso portfólio.”

A B Capital tem em seu portfólio fintechs, empresas voltadas para softwares corporativos e negócios no setor de saúde – e não há pressa para levantar capital por meio de um IPO, disse Ganguly. “Quando nossas empresas entrarem [na Bolsa], queremos que elas estejam realmente bem preparadas.”

Parte dessa preparação é construir o caminho das startups para a lucratividade sustentável antes de abrir o capital. “Na condição atual do mercado, eu não apoiaria nossas empresas a fazer IPO, a menos que elas sejam lucrativas”, disse Ganguly. “Vamos ver como o mercado evolui nos próximos trimestres.”

Enquanto isso, a B Capital continuará ajudando as empresas da América do Norte – onde investiu em mais de 50 startups – a aproveitar oportunidades crescentes na Ásia e a construir sua presença na região. Uma dessas empresas é a Yalo, uma plataforma de comércio conversacional com sede em São Francisco que conecta empresas e consumidores. O negócio está expandindo para a Índia depois de arrecadar US$ 50 milhões (R$ 248 milhões) de investidores em uma rodada liderada pela B Capital no ano passado.