O cenário aponta para um início de 2023 também fraco, com a economia brasileira provavelmente voltando a registrar uma recessão técnica — dois trimestres seguidos de contração do Produto Interno Bruto (PIB).
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“Vale lembrar que a economia ainda está abrindo depois da pandemia, e ainda estamos vendo esses ganhos na primeira metade do ano. As pessoas voltaram a arrumar emprego, e vemos a população ocupada crescendo”, disse Felipe Salles, economista-chefe do C6 Bank.
Estímulos fiscais anunciados pelo governo também ajudaram a atividade no início do ano, mesmo em um ambiente de inflação extremamente alta e desafiadora no país, e medidas como a antecipação do 13º para aposentados e pensionistas e a liberação de saque de até mil reais do FGTS tendem a continuar sustentando o consumo no segundo trimestre.
Mas a partir daí o enredo deve mudar.
Outro importante ponto que tende a impactar a demanda e restringir a atividade no segundo semestre e em 2023 é o agressivo aperto da política monetária conduzido pelo Banco Central para controlar a inflação, que está em dois dígitos no acumulado do ano.
A Selic está atualmente em 12,75% e a perspectiva é de que volte a ser elevada. Com efeito defesado sobre a economia, os impactos da política monetária mais restritiva devem começar a aparecer com mais força no quarto trimestre e início de 2023, segundo economistas.
“A alta de juros pelo BC deve chegar na economia principalmente no segundo semestre. Na indústria e na construção civil ninguém sentiu ainda a alta de juros”, disse o economista-chefe do banco BV, Roberto Padovani.
E um outro fator é a economia global. A perspectiva de apertos monetários também nos Estados Unidos e na Europa soma-se a questões como a pandemia na China e a guerra entre Rússia e Ucrânia para projetar uma desaceleração da atividade mundial.
A continuidade de gargalos nas cadeias globais de suprimentos e custos crescentes ainda podem prejudicar a atividade.
As projeções do mercado para o PIB este ano chegam a até 1,5%, mas para 2023 tem havido uma série de revisões para baixo, com algumas casas já prevendo retração da produção. Padovani, do BV, alerta para a possibilidade de mais correções nas estimativas, já que o ano que vem deve começar com uma dinâmica mais fraca e com a economia em recessão técnica.
Serrano, da Greenbay Investimentos, tem um cenário semelhante, com alta de 0,2% no segundo trimestre e quedas de 0,5% e 0,3% para os períodos seguintes. Segundo ele, a economia deve expandir entre 1% e 1,5% em 2022 e ficar entre 0% e 0,5% em 2023.
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