Por José de Castro
SÃO PAULO (Reuters) – A divulgação nesta quinta-feira do PIB brasileiro do primeiro trimestre acionou uma série de revisões de alta nos prognósticos para a atividade por parte de bancos, que seguem vendo ritmo mais fraco no segundo semestre, mas agora talvez na forma de uma desaceleração mais gradual.
O Itaú Unibanco aumentou para 1,6% a taxa de crescimento esperado para 2022, de 1,0% do cenário prévio, e projeta elevação de 0,8% do PIB no segundo trimestre.
“Apesar do resultado abaixo do esperado, a divulgação do PIB do primeiro trimestre confirma que a economia teve um início de ano forte e consolida nossa percepção de que o primeiro semestre deve ter crescimento mais robusto do que se esperava inicialmente”, disse o banco em relatório de revisão de cenário, sem deixar de ressalvar, contudo, perspectiva de declínio de 0,4% do PIB tanto no terceiro trimestre quanto no quarto.
O Citi dobrou sua estimativa de expansão da economia neste ano para 1,4%, de 0,7% antes, depois de classificar a performance dos primeiros três meses do ano como “robusta” e citar que a recuperação no mercado de trabalho teve papel no impulso do consumo privado, que puxou os resultados de janeiro a março.
Flávio Serrano, chefe de análise macroeconômica da Greenbay Investimentos, calculou que o “forte” resultado do primeiro trimestre deixa um carregamento estatístico “na casa de” 1,5%, o que indica um segundo trimestre também positivo e eventualmente um crescimento do PIB de 2% no ano.
O Santander Brasil agora vê a atividade econômica em alta de 1,2% em 2022, bem acima do prognóstico anterior, de aumento de 0,7%, citando “surpresas positivas que melhoraram a perspectiva” para o primeiro semestre e a consolidação da reabertura econômica, a recuperação do mercado de trabalho e o fortalecimento de setores menos cíclicos relacionados às commodities.
Em revisão de cenário macro, o banco espanhol disse esperar variação positiva de 0,2% no PIB do segundo trimestre sobre o primeiro (com ajuste sazonal). Nas contas do Santander, entre julho e setembro a economia ficará parada, já sob efeitos de uma política monetária contracionista, e no quarto trimestre sofrerá retração de 0,4%.
“Internamente, as condições do mercado de trabalho melhoraram fortemente nos últimos meses, com a população ocupada atingindo o maior nível da história em abril, o que é favorável ao consumo. No exterior, vemos maior probabilidade de um cenário em que os preços das commodities permaneçam elevados (por exemplo, devido à retomada da economia da China e a prolongadas restrições de oferta)”, disse o Credit Suisse em relatório.
O Barclays adotou um tom mais sóbrio e se limitou a falar de “algum risco de alta (para a atividade) no curto prazo” devido a melhores condições no mercado de trabalho e a maiores gastos do governo antes das eleições.
O banco manteve prognóstico de aumento do PIB de 1,0% em 2022 e vê como “mais desafiadora” a segunda metade do ano, tanto por fatores internos –política monetária restritiva e incertezas eleitorais– quanto por temas externos –eventos geopolíticos na Europa e a política de Covid zero na China.