Com o salto dos preços acelerando no mês passado para um recorde de 8,1% e ainda em trajetória de alta, o BCE agora teme que a inflação se dissemine e possa se tornar uma espiral de preços e salários difícil de quebrar, estabelecendo uma nova era de custos teimosamente mais elevados.
Acompanhe em primeira mão o conteúdo do Forbes Money no Telegram
“Vamos garantir que a inflação retorne à nossa meta de 2% no médio prazo”, disse a presidente do BCE, Christine Lagarde, durante entrevista coletiva. “Não é apenas um passo, é uma jornada”, disse ela sobre os movimentos sinalizados nesta quinta-feira.
O rápido aumento da inflação foi impulsionado inicialmente pelos preços da energia e dos alimentos à medida que as economias emergiam dos lockdowns da Covid-19, mas a invasão da Ucrânia pela Rússia acelerou essas tendências.
“O Conselho do BCE prevê que um caminho gradual, mas sustentado, de novos aumentos nas taxas de juros será apropriado”, disse o comunicado de política monetária do BCE. “A inflação alta é um grande desafio para todos nós.”
Também há expectativa de aumento acumulado de 2,30 pontos percentuais na taxa de depósito do BCE até o final de 2023, o que deixaria o pico da taxa de juros neste ciclo de aperto perto de 2%.
Isso deixou Lagarde –que há poucos meses disse que uma alta de juros neste ano era altamente improvável– numa posição complicada em sua entrevista coletiva desta quinta-feira.
No entanto, ela mostrou pouca hesitação, ressaltando várias vezes como o banco planeja aumentar gradualmente os juros nas próximas reuniões.
O primeiro aumento de juros do BCE em mais de uma década ainda deixará o banco atrasado em relação à maioria de seus pares globais, incluindo o Federal Reserve e o Banco da Inglaterra, que vêm aumentando agressivamente os custos dos empréstimos e prometendo ainda mais medidas no combate à inflação.