Por José de Castro
SÃO PAULO (Reuters) -O dólar fechou em leve declínio nesta sexta-feira, suficiente para manter a moeda abaixo da marca psicológica de 4,80 reais, num dia sem direção comum nas praças cambiais do exterior após dados fortes de emprego nos EUA endossarem expectativas de mais altas de juros na maior economia do mundo.
A divulgação de números de emprego nos Estados Unidos monopolizou as atenções do mercado nesta sessão. O relatório mostrou que a economia norte-americana adicionou 390 mil postos em maio, com a taxa de desocupação se mantendo em 3,6% pelo terceiro mês consecutivo.
Os dados vieram mais fortes do que a maioria das estimativas dos analistas e foram lidos como passe livre para o Fed seguir a elevar as taxas de juros no atual e historicamente alto ritmo de 0,50 ponto percentual.
O índice do dólar contra uma cesta de rivais de países desenvolvidos subia 0,4% no fim da tarde, ensaiando ganho de 0,5% no acumulado de uma semana marcada pelo retorno de temores acerca da inflação e dos efeitos de altas de juros sobre a economia global.
Os vendedores então apareceram e recolocaram a divisa abaixo dos 4,80 reais, patamar considerado resistência técnica.
Ainda assim, o dólar fechou a semana em alta de 0,83%, após três semanas consecutivas de queda nas quais acumulou baixa de 6,60%.
Além dos eventos externos, o mercado de câmbio reagiu nos últimos dias a um noticiário doméstico mais ruidoso, que trouxe de volta especulações sobre novo decreto de calamidade pública. Uma reedição desobrigaria o governo de cumprir metas fiscais, por exemplo, num contexto de medidas para forçar queda de impostos (como o ICMS) conforme o governo do presidente Jair Bolsonaro enfrenta uma inflação de dois dígitos e alta de juros em ano eleitoral.
Nos três primeiros dias de junho, a moeda dos EUA tem alta somada de 0,49%. Em 2022, o dólar ainda recua 14,28%.
Na próxima semana, os mercados devem monitorar os números da inflação ao consumidor no Brasil, medida pelo IPCA, de maio, além da decisão de política monetária do Banco Central Europeu (BCE) e dados de preços nos Estados Unidos e na China.
(Edição de Bernardo Caram)