Com operações na Europa, Estados Unidos e Ásia, a OW enxerga no Brasil um mercado promissor para a tecnologia, mas avalia que há um longo caminho até que as primeiras turbinas offshore comecem a produzir, disse à Reuters o gerente de Desenvolvimento de Negócios da Ocean Winds para o Brasil, José Partida Solano.
A empresa está de olho no potencial offshore brasileiro desde 2020, afirmou Solano, citando como atrativos o perfil de ventos fortes próximos à costa e a possibilidade de instalação de parques offshore perto de importantes centros de consumo de energia, como as regiões Sudeste e Sul.
Embora já tenha dado início aos empreendimentos, há uma série de passos para que eles possam sair do papel, destaca Solano. O governo ainda precisa definir, por exemplo, as regras para que as empresas possam explorar as áreas no mar.
“Se o Brasil conseguir ter uma regulação até o final do ano, conseguiríamos ter projetos em operação antes de 2030… Acho que esse seria um objetivo realista, pode ser antes, em 2027 ou 2028”, disse Solano.
Ele observou também que, embora a indústria eólica onshore já esteja consolidada no Brasil, a offshore demandará nova capacitação de mão de obra e reforços na cadeia de suprimentos, uma vez que os aerogeradores e fundações instalados no mar têm porte muito maior dos que ficam em terra.
No futuro, os projetos poderão vender energia no mercado livre, como já vem acontecendo em países onde a eólica offshore está mais madura, acrescentou.
“Os preços de energia offshore estão ficando mais competitivos, no Reino Unidos você consegue viabilizar um projeto sem participar de um leilão específico, no mercado livre… Acho que é uma tendência que vamos ver no mundo, ter eólicas offshore em mercados mais maduros sem precisar de leilões de energia.”
As usinas no mar ainda têm um Capex (despesa com investimento) elevado. Pelas estimativas da OW, no caso do Brasil, as eólicas offshore demandariam de R$ 13 bilhões a R$ 16 bilhões em investimentos a cada gigawatt, pouco mais do que o dobro das eólicas em terra, disse Solano.
Junto à OW, outras grandes empresas estão se movimentando para deslanchar o mercado de offshore no país. Além de geradoras renováveis, petroleiras como Shell e Petrobras já têm projetos do gênero.
Ontem, a Corio Generation, empresa do Green Investment Group da australiana Macquarie, também anunciou planos para o segmento no Brasil.