O saldo é 97% inferior ao registrado no mesmo período do ano passado, quando os fundos receberam o montante recorde de R$ 272,5 bilhões, e o terceiro menor da série histórica iniciada em 2002.
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Segundo Pedro Rudge, vice-presidente da Anbima, o resultado do primeiro semestre reflete o aumento da taxa Selic no país.
“Os juros altos aumentam a atratividade de produtos isentos de imposto de renda, como alguns títulos de renda fixa. Ao longo deste ano estamos vendo uma saída relevante das classes de ações e multimercados”, disse Rudge em coletiva de imprensa realizada hoje (6).
Apesar da queda nas captações dos fundos de investimentos, outros números da indústria registraram variações positivas neste primeiro semestre quando comparados ao ano passado.
Rudge destaca que o resultado dos primeiros três meses deste ano não se destoou daqueles de anos anteriores, e acredita na recuperação dos números até o final de 2022.
“A velocidade da fuga de capital já está diminuindo, até pelo patamar do preço dos ativos. Nada dura para sempre, em algum momento os investidores concluem que o valor atual mais do que justifica os eventuais riscos, e voltam à normalidade, ou pelos menos para um patamar mais razoável nesse sentido”, afirmou o vice-presidente da Anbima.
Captação dos fundos por classe
Os aportes que seguraram o saldo positivo da captação líquida dos fundos no período vieram dos fundos de renda fixa e dos FIDCs (fundos de investimentos em direitos creditórios). Os fundos de renda fixa registraram saldo de R$ 88,8 bilhões – um recuo de 25,1% frente ao saldo de R$ 118,6 bilhões do mesmo período de 2022.
Os resgates deste ano foram puxados pelos fundos multimercados, que saíram de um saldo positivo de R$ 89,9 bilhões no primeiro semestre de 2021 para um montante negativo de R$ 61,8 bilhões nos primeiros seis meses de 2022.
Os fundos de ações também tiveram um grande peso de resgates. No ano passado a classe registrou ganhos de R$ 3,8 bilhões, enquanto neste ano o saldo negativo foi de R$ 49,5 bilhões.
O principal motivo foi a queda dos papéis de companhias negociados na B3. Nos primeiros meses do ano, o Ibovespa, principal índice de ações da Bolsa brasileira, chegou a registrar ganhos acumulados de 20% e alcançou os 120 mil pontos, mas reverteu para perdas e opera no patamar dos 98 mil pontos atualmente, com perdas de 6% até o final de junho.
“Diversos banco centrais estão aumentando os juros. Quando a inflação voltar para um patamar de arrefecimento, os ativos de risco voltarão a performar melhor. Sobre o Brasil, o que podemos pontuar de diferente de outros países é a questão das eleições, que acrescenta um fator incerteza a mais e aumenta a volatilidade”, afirma o diretor.
Fundos internacionais negativos
As bolsas internacionais não tiveram desempenho muito diferente da brasileira diante do cenário de inflação e aperto dos juros. O S&P 500, índice de referência dos EUA, recuou 20,6% nos primeiros seis meses do ano.
Fundos que investem em ações no exterior sentiram o peso dessa queda e fecharam o período com captação líquida negativa de R$ 18,3 bilhões.
O patrimônio líquido e o número de contas de fundos internacionais também caíram em relação a dezembro do ano passado, para R$ 40,2 bilhões (recuo de 42,6%) e 310.916 (perda de 35,2%), respectivamente.
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