Com a inflação provavelmente atingindo 9% este mês antes de seguir para o território de dois dígitos diante dos preços crescentes do gás, os formuladores de política monetária temem cada vez mais que até mesmo as expectativas de longo prazo ultrapassem a meta de 2% do BCE, o que sugeriria uma perda de confiança nos poderes de combate à inflação da instituição.
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O presidente do banco central holandês, Klaas Knot, e Madis Müller, da Estônia, disseram que um ajuste para cima de 0,75 ponto percentual nos juros deve pelo menos ser discutido, enquanto o presidente do Bundesbank, Joachim Nagel, defendeu uma ação rápida e elogiou os benefícios das medidas de antecipação de incrementos nos juros.
“Uma rápida normalização das taxas de juros é uma primeira fase essencial, e algumas antecipações não devem ser excluídas”, afirmou Knot em um evento do Danske Bank. “A ampliação e aprofundamento do nosso problema de inflação gera a necessidade de agir com força.”
A diretora do BCE Isabel Schnabel e o presidente do banco central francês, François Villeroy de Galhau, pediram aumentos fortes ou significativos das taxas de juros neste fim de semana.
“Acho que 75 pontos-base devem estar entre as opções para setembro”, disse Müller. “Não devemos ser muito tímidos com os movimentos de política monetária, já que a inflação está muito alta há muito tempo e ainda estamos muito abaixo da taxa neutra.”
Embora muitas autoridades tenham dito que o objetivo é primeiro levar as taxas de juros para o nível “neutro”, onde o BCE não iria estimular nem desacelerar o crescimento, Knot afirmou que essa taxa –algo entre 1% e 2%– pode não ser suficiente, e uma política monetária restritiva poderia tornar-se necessária.
Falando apenas dois dias antes do próximo período de silêncio do BCE, Pierre Wunsch, chefe do banco central da Bélgica, reiterou o comentário de Knot e argumentou que uma política monetária restritiva pode ser necessária, mesmo que uma recessão agora seja provável.