Ata do BCE mostra graves preocupações com inflação

25 de agosto de 2022
Reuters / Wolfgang Rattay

BCE aumentou os juros pela primeira vez em uma década

A reunião de autoridades do Banco Central Europeu (BCE) do mês passado mostrou preocupação crescente com a possibilidade de a inflação elevada estar se enraizando, mesmo com o risco de recessão no bloco, mostrou a ata do encontro de 21 de julho.

O BCE elevou os juros em 0,50 ponto percentual no mês passado, para zero, devido ao aumento dos temores de inflação, surpreendendo os investidores com uma dose inesperadamente alta de aperto depois de ter indicado ajuste menor, de 0,25 ponto.

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Mas a ata mostrou que as autoridades sentiram que as pressões sobre os preços eram grandes o suficiente para que o BCE tivesse que demonstrar sua determinação em agir.

“Foi considerado que as pressões inflacionárias se intensificaram”, mostrou a ata nesta quinta-feira. “A inflação persistentemente alta representava um risco crescente de as expectativas de inflação de longo prazo se tornarem desancoradas.”

A inflação na zona do euro está agora pouco abaixo de 9%, a mais de quatro vezes a meta do BCE, e pode atingir dois dígitos antes de um recuo lento que irá manter a taxa acima da meta de 2% do BCE até 2024.

“Desancoragem” é uma indicação de que as famílias e as empresas estão perdendo a confiança na determinação do BCE de fazer a alta dos preços voltar à meta, e elas então começam a ajustar seu comportamento para definição de salários, enredando a inflação alta em uma espiral salário/preço.

“A continuidade da ancoragem das expectativas de inflação dependia de o Conselho do BCE agir de forma decisiva diante da piora das perspectivas de inflação”, disse a ata.

O BCE deve aumentar os custos dos empréstimos em mais 0,50 ponto no próximo mês, mesmo com o risco crescente de uma recessão, já que a inflação está se aproximando do território de dois dígitos e a iminente escassez de gás pode elevar ainda mais os preços.

Ainda assim, os membros do BCE destacaram que o movimento grande de julho, defendido por uma maioria “muito grande”, e não pela unanimidade frequente vista nas decisões de política monetária, foi antecipado e não deve ser visto como prenúncio de uma trajetória mais agressiva da taxa de juros.

A ata também indicou que as autoridades estão cientes de que o risco de uma recessão na zona do euro está aumentando, mas acham que os governos podem fornecer um apoio melhor.

“A política monetária não foi capaz de fornecer suporte eficaz quando a economia foi afetada por uma série de choques de oferta”, disse o BCE.