Ibovespa fecha em queda, mas tem melhor mês desde janeiro

O Ibovespa não conseguiu sustentar os ganhos de hoje (31) e fechou em queda de 0,82%, a 109.523 pontos, depois de alcançar uma máxima de 111.364 pontos, impulsionada pela alta nas ações da Petrobras (PETR3, PETR4). As perdas do índice acompanharam a queda das bolsas em Nova York, que fecharam no vermelho pelo quarto dia consecutivo.

Mesmo com o recuo desta terça, o Ibovespa terminou agosto com o melhor desempenho mensal desde janeiro de 2022, quando avançou 6,98%. Neste mês, o principal índice de ações da B3 registrou um avanço de 6,16%, apoiado na recuperação do fluxo de capital estrangeiro.

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Para estrategistas da XP Investimentos, embora seja possível vislumbrar uma melhora no mercado brasileiro, ainda há fortes incertezas nos cenários globais, com preocupações inflacionárias e relacionadas à recessão econômica. No campo doméstico, os riscos políticos também podem aumentar conforme as eleições se aproximam.

O pregão de hoje teve como destaque o avanço nas ações da Petrobras, que pagou dividendos aos seus acionistas nesta quarta-feira. Segundo Werner Roger, gestor e sócio-fundador da Trígono Capital, é possível que “quem está recebendo dividendos resolveu comprar mais ações”.

As ações ordinárias e preferenciais da estatal de petróleo figuraram no topo das maiores altas do Ibovespa boa parte do dia, mas perdeu algumas posições no fechamento. Ao fim da sessão, PETR3 avançou 2,94%, a R$ 37,17, e PETR4 ganhou 2,47%, a R$ 33,23.

Entre os indicadores locais, a taxa de desemprego registrou seu menor patamar desde dezembro de 2015 ao chegar em 9,1%. A contração foi menor do que o esperado (8,9) e os dados completos da PNAD Contínua do IBGE indicam que o cenário não é “tão positivo quanto parece”, segundo Eduardo Vilarim, economista do Banco Original.

“Quando olhamos a ótica setorial, metade das atividades desaceleraram no acumulado em 12 meses”, diz o economista, que também destaca em nota que empregados sem carteira assinada e empregados com CNPJ foram destaques nas altas do trimestre móvel encerrado em julho.

O dia também contou com a divulgação da criação de vagas no setor privado dos Estados Unidos. Os dados do relatório da ADP vieram muito abaixo do esperado, em contraste com o número da Jolts do dia anterior. A expectativa para as vagas do relatório da ADP era de 310 mil vagas e foram criadas 132 mil em agosto.

Ontem (30), a Pesquisa de Vagas e Rotatividade de Trabalho (JOLTS) apontou a criação de 11,2 milhões de vagas de emprego em julho e ainda revisou para cima os dados de junho, de 10,698 milhões para 11,040 milhões.

O payroll (relatório de empregos) que será divulgado na sexta-feira (2) deve firmar as convicções dos investidores sobre o mercado de trabalho dos EUA. Até lá, a expectativa de um Federal Reserve (banco central norte-americano) agressivo no aumento dos juros em setembro segue diminuindo o apetite por risco em Wall Street.

O Dow Jones fechou hoje em queda de 0,88%, a 31.511,09 pontos; S&P 500 perdeu 0,78%, a 3.955,01 pontos; e o Nasdaq recuou 0,56%, a 11.816,20 pontos.

A incerteza do cenário derrubou principalmente as ações de consumo doméstico no Ibovespa. Magazine Luiza (MGLU3) e Americanas (AMER3) voltaram a protagonizar as maiores perdas, com recuos de 5,32% e 4,11%, respectivamente.

Papéis de Hapvida (HAPV3) e Qualicorp (QUAL3) também foram destaque negativo – queda de 3,18% e 3,90%, respectivamente – em resposta a aprovação pelo Senado do projeto de lei que obriga os planos de saúde a cobrirem tratamentos médicos que não estejam na lista de procedimentos da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar). O texto agora aguarda a sanção presidencial.

O dólar comercial teve forte avanço e subiu 1,73% hoje, negociado a R$ 5,2015. Em agosto, a moeda norte-americana acumulou alta de 0,53%.

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(Com Reuters)