O Ibovespa manteve sua sequência de altas hoje (18) e cravou o quinto dia consecutivo de ganhos, com ligeiro avanço de 0,09%, a 113.813 pontos. Em agosto, o índice de ações caiu em apenas duas sessões (dias 1 e 11) e acumula no mês 10% de valorização até ontem (17).
Nesta quinta, o Ibovespa oscilou entre perdas e ganhos ao longo do dia, sem direção definida. Em Wall Street, o cenário foi similar, com as bolsas de Nova York também operando entre altas e baixas após a divulgação de dados mistos da economia, um dia depois de a ata do Fomc (comitê de política monetária dos EUA) indicar que as próximas elevações nos juros dependem do cenário econômico do país.
Duas divulgações aumentaram as incertezas do mercado sobre a situação dos Estados Unidos. A primeira foi dos números de vendas de moradias existentes, que caíram 5,9% em julho – pelo sexto mês consecutivo e para uma nova mínima dos últimos dois anos.
As vendas chegaram a 4,81 milhões de unidades no mês passado, o nível mais baixo desde maio de 2020. A expectativa era de 4,89 milhões de unidades, de modo que o mercado entendeu o resultado como mais uma indicação do rápido declínio do mercado imobiliário nos EUA.
Na sequência foram divulgados os dados de pedidos de auxílio-desemprego semanais. Neste caso, os números também vieram menores do que o esperado, mas a expectativa é de um mercado de trabalho forte, com boa absorção de vagas.
Chris Zaccarelli, chefe de investimentos da Independent Advisor Alliance, ponderou que “infelizmente, o que é bom para o trabalhador norte-americano é ruim para a tentativa do Federal Reserve [banco central dos EUA] de levar a inflação de volta a 2%”.
Com os dados dúbios, as apostas do mercado continuam oscilando entre um aumento de 0,50 ou 0,75 ponto porcentual nos juros em setembro. Nesta quinta, o jornal The Wall Street Journal publicou uma entrevista com James Bullard, presidente do Fed de St. Louis, na qual ele afirma ser favorável ao aumento de 0,75.
“Devemos continuar a avançar rapidamente para um nível da taxa básica de juros que colocará uma pressão significativa sobre a inflação”, disse Bullard ao jornal.
Por aqui, Cristiane Quartaroli, economista do Banco Ourinvest, diz que a impressão é de que o “mercado está operando com o freio de mão puxado”, com bastante cautela na ausência de um noticiário mais forte.
Ainda assim, o Ibovespa registrou ganhos, impulsionado principalmente pelo setor de petróleo. Com a queda nos estoques da commodity nos EUA, a cotação subiu no mercado internacional e empresas brasileiras do setor de óleo e gás se viram favorecidas.
O barril Brent, referência para o petróleo brasileiro, fechou em alta de 3,14%, a US$ 96,59. Na esteira dos ganhos, as ações da 3R Petroleum foram destaque, com alta de 4,43%, a R$ 35,13. Petrobras vem em seguida, com os papéis PETR4 subindo 2,02%, a R$ 33,42.
Na ponta de quedas do Ibovespa, as ações de consumo doméstico foram as mais prejudicadas, com investidores realizando lucros com a valorização dos últimos dias.
MRV (MRVE3), Petz (PETZ3) e Dexco (DXCO3) são exemplos, com recuos de 4,17%, 3,31% e 3,95% hoje, após valorizações de 15%, 11% e 10%, respectivamente, somente em agosto.
O dólar comercial se manteve em campo positivo frente ao real, fechando em leve alta de 0,08%, a R$ 5,1720.