No documento, a autoridade monetária apontou um cenário mais positivo para a inflação neste ano, mas piorou projeções para 2023, com aumento do risco de rompimento do teto da meta no ano que vem.
Assim como o BC, o Ministério da Economia também prevê expansão de 2,7% para o PIB este ano, mas é bem mais otimista para 2023, enxergando uma alta de 2,5%. O mercado, segundo a pesquisa Focus mais recente, estima que a economia crescerá 2,67% em 2022 e 0,5% no ano que vem.
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“A surpresa no crescimento do segundo trimestre, os resultados iniciais do terceiro e estímulos não contemplados no relatório anterior -notadamente o aumento do valor do benefício do Auxílio Brasil e o arrefecimento da inflação, resultante, em grande medida, da redução de tributos sobre combustíveis, energia e serviços de comunicação- são os principais fatores para a revisão”, disse.
O documento também menciona o dinamismo no mercado de trabalho, com forte recuo da taxa de desocupação, criação disseminada de empregos formais, além de crescimento dos rendimentos dos trabalhadores -embora ainda em patamares inferiores aos observados antes da pandemia de Covid-19.
Segundo a autoridade monetária, que tem afirmado que o ciclo de aperto monetário provocará desaceleração neste semestre, as medidas de estímulo implementadas pelo governo indicam nova expansão do PIB no terceiro trimestre, mas em magnitude menor do que a observada no período anterior.
Para 2023, o crescimento menor seria explicado pela influência da esperada desaceleração global e dos impactos cumulativos da política monetária no Brasil, disse no documento.
INFLAÇÃO
Em relação à inflação, o BC afirmou que os dados tiveram recuo relevante desde o último relatório, ressaltando que o IPCA no trimestre encerrado em agosto foi negativo e se revelou 2,37 ponto percentual mais baixo do que o antecipado pelo Comitê de Política Monetária (Copom) em seu cenário de referência de junho.
Para este ano, o BC disse que a probabilidade de a inflação ficar acima do limite superior da meta caiu de quase 100% para cerca de 93%. Em 2023, porém, a autarquia afirmou que a probabilidade de estouro subiu de 29% para 46%, citando elevação das projeções de mercado, “possivelmente refletindo uma persistência da inflação de serviços”.
A autoridade monetária ressaltou que seu cenário de referência considera o retorno da tributação federal sobre combustíveis em 2023, após desoneração implementada neste ano. No entanto, o governo já prometeu que manterá esse corte tributário e incluiu a medida na proposta de Orçamento do ano que vem –a iniciativa ainda precisa ser aprovada no Congresso.
As atuais projeções do Copom para o IPCA estão em 5,8% para 2022, 4,6% para 2023 e 2,8% para 2024. As metas estabelecidas para o período são de 3,50% em 2022, 3,25% em 2023 e 3,00% em 2024 –todas com tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.
Atualmente, a taxa básica de juros está em 13,75% ao ano, após o BC ter decidido interromper o ciclo de aperto monetário.
No relatório, a autarquia afirmou que a transmissão da política monetária para as taxas de juros de novos empréstimos costuma ser rápida e, no aperto implementado até agora, está ocorrendo em linha com o padrão histórico.
“O atual ciclo de aperto monetário tem se refletido em maiores taxas de juros no crédito para famílias e empresas”, disse.
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