Foram 12 aumentos consecutivos da taxa de juro, ao longo de 17 meses, até que o Comitê anunciasse o fim do ciclo de alta. A escalada começou em março de 2021, com a Selic em 2%, e desde então subiu 11,75 pontos percentuais.
No começo do mês, o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, falou sobre a possibilidade de um “ajuste residual” de 0,25 ponto percentual nesta reunião de setembro. Com isso, alguns analistas esperavam que a Selic fosse chegar hoje aos 14% ao ano – número próximo do último platô dos juros: 14,25%, que durou mais de um ano (entre julho de 2015 a outubro de 2016).
Com isso, o Comitê sinalizou que a decisão de manter os juros estáveis “reflete a incerteza ao redor de seus cenários”, mas é “é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano de 2023 e, em grau menor, o de 2024.”
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Segundo o Comunicado, fatores como o corte de ICMS para os combustíveis e energia e a queda no preço do petróleo e de outras commodities no mercado internacional contribuíram para a diminuição do preço da gasolina e do diesel nas refinarias, além do recuo nos preços de energia e alguns alimentos, levando a um desconto em diversos setores da economia.
Do ciclo de alta para o ciclo de queda da Selic
A análise atual do mercado se concentra no início do ciclo de queda dos juros. Para João Beck, economista e sócio da BRA, o Copom deverá fazer uma pausa para avaliação, “visto que o cenário à frente incorpora uma estabilização da inflação, com contribuição baixista da inércia de 2022”, diz o economista.
Atualmente, a inflação medida pelo IPCA se encontra em 8,73% no acumulado em 12 meses e em 4,39% no acumulado do ano. No último relatório Focus divulgado pelo Banco Central, os economistas indicaram que a inflação deve terminar o ano em 6%.
O IPCA passou por 12 revisões baixistas nos últimos relatórios. Beck sinaliza que as expectativas de inflação melhoraram, enquanto os dados de atividade também surpreendem positivamente, “isso indica uma demanda interna ainda forte, com o mercado de trabalho em recuperação, o que pode atenuar uma provável desinflação nos próximos meses”, diz o economista, que vê o prolongamento dos juros altos por algum tempo.
“Mesmo com elevado grau de incerteza, a manutenção da Selic por um período suficientemente longo deverá garantir a convergência da inflação, assim como a ancoragem das expectativas”, diz Gonçalves.
O Banco Central já sinalizou que não espera que a inflação feche 2022 dentro da meta, mas que trabalha para essa convergência no próximo ano.
Para 2022, a meta era de 3,5%, com margem de tolerância de 1,5 p.p., ou seja, entre 2% e 5%. Para 2023, a meta é de 3,25%, com a mesma margem de tolerância, de 1,5 p.p. (1,75% a 4,75%).