Executivos repensam relação com custos em meio a crise, mostra pesquisa

9 de setembro de 2022
RafaPress/Getty Images

Depois da pandemia, executivos repensam custos para investir em inovação e tecnologia

Corte de custos não é mais visto como solução financeira para altos executivos neste momento de crise econômica, aponta o estudo da consultoria multinacional Accenture divulgado neste mês. Após entrevistar 2 mil executivos de alto escalão, de 15 setores, em 12 países, a pesquisa identificou que 90% deles acreditam ser necessário encarar os custos de forma diferente para transformar o negócio.

Segundo o levantamento, 76% das empresas entrevistadas tiveram que cortar custos durante a pandemia para sobreviver. Porém, os executivos agora admitem que as decisões sobre os gastos atuais e futuros precisam estar de acordo com as prioridades estratégicas de crescimento, sustentabilidade e inovação.

“A pandemia mudou os parâmetros. Foram quase três anos em que a forma de consumir das pessoas mudou e os negócios precisam se atualizar. À medida que as empresas saíram do modo de sobrevivência, os líderes se deram conta de que precisam de novas referências para ganhos e custos”, afirma Robert Willems, diretor administrativo sênior da Accenture.

Segundo Willems, quando as companhias fazem seu planejamento anual, elas sempre olham para trás para ter referência dos números anteriores. Porém, os anos da pandemia não servem de comparação para a atualidade, tampouco os de 2019, visto a forma como a crise sanitária transformou o mundo.

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“Hoje, esse trabalho de planejamento começa com um papel em branco. O momento é de identificar novos parâmetros e por qual caminho a empresa vai seguir. Por isso os custos não são vistos como meros custos, mas como oportunidade de transformação do negócio e crescimento”, diz o diretor.

Diferentemente de como acontecia no passado, quando os planos de crescimento tinham como foco duas ou três áreas específicas do negócio, hoje a maioria dos executivos (96% dos respondentes) pensa que a abordagem deve ser holística, ou seja, contemplar todas as áreas da empresa e não ser motivada apenas por aspectos financeiros.

Para Willems, o panorama global de inflação recorde, volatilidade nos investimentos, desafio na cadeia de suprimentos e falta de materiais e mão de obra qualificada são oportunidades de mudança para as empresas.

“É necessário pensar soluções para esses problemas com o uso de tecnologia e de dados analíticos. Aqueles que repensarem a base de custo e as formas de operação dessa maneira irão além da sobrevivência”, diz o diretor.

Tecnologia como aliada dos custos

Análise de dados, automação de processos e inteligência artificial são algumas das formas de implementar tecnologia de forma eficiente, segundo o diretor da Accenture. “A tecnologia oferece a oportunidade de redução de custos de forma inteligente e eficiente. Não existe mais a possibilidade de crescer e se reinventar sem um bom uso da tecnologia”, diz Willens.

Grande parte dos executivos já entende isso: 61% dos entrevistados disseram que estão investindo em tecnologias como inteligência artificial, ferramentas digitais e segurança cibernética para otimizar as operações.

No estudo, a Accenture apresenta o caso de um fabricante de produtos automotivos e industriais que conseguiu 15% de otimização de gastos e 20% de aumento de produtividade por meio de melhorias tecnológicas. “Cortar custos não era o objetivo, era um meio para um fim: liberar recursos para investir em outras áreas”, afirma o relatório.

“Isso só é possível ao ter uma abordagem cirúrgica dos negócios da empresa, de forma a reconhecer onde é possível transferir recursos, implementar tecnologia para reduzir custos e melhorar os processos de forma estratégica, não com enxugamentos visando apenas o financeiro”, diz Willens.

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