Ibovespa recua 2% com possibilidade de novo aumento da Selic

6 de setembro de 2022

Após três altas seguidas e às vésperas do feriado de Independência do Brasil, o Ibovespa registrou uma queda de 2,17%, a 109.764 pontos, com investidores saindo de ativos de risco em resposta aos comentários do presidente do Banco Central.

Roberto Campos Neto disse que a autoridade monetária não pensa em diminuir os juros neste momento e que a batalha contra a inflação não está ganha ainda. Segundo ele, a próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) terá uma discussão sobre um ajuste residual na taxa Selic.

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Em evento promovido pelo jornal Valor Econômico na noite de ontem (6), Campos Neto citou medidas do governo federal como fontes de incerteza, como o financiamento para o Auxílio Brasil de R$ 600,00 em 2023 e a continuidade das desonerações fiscais sobre os combustíveis.

Para ele, a obrigação do BC é finalizar o trabalho, e “finalizar o trabalho significa convergir a inflação de volta à meta”, disse Campos Neto na ocasião.

O relatório Focus mais recente, divulgado ontem (5), manteve a previsão para a Selic no mesmo patamar que está atualmente, em 13,75% ao ano. O levantamento que é feito pelo BC com economistas do mercado também mostrou uma previsão de queda dos juros em 2023, para 11,25%.

Em comentário aos clientes, a equipe do Citi afirmou que o discurso de Campos Neto foi semelhante à comunicação oficial mais recente do Copom, porém mais restritiva “quando comparado ao que está precificado atualmente na curva de juros, que é o início do ciclo de flexibilização [dos juros] já no primeiro trimestre de 2023″

A próxima reunião do Copom acontecerá nos dias 20 e 21 de setembro.

Na tentativa de se antecipar à possibilidade de uma nova alta nos juros brasileiros, o mercado penalizou os ativos de risco e, principalmente, as ações de consumo doméstico.

Varejistas, construtoras e empresas de turismo figuraram nas maiores quedas do Ibovespa. “São os setores que mais sofrem com juros altos porque são empresas mais alavancadas operacionalmente. Quando o mercado cai, elas tendem a cair em maior magnitude”, diz Marcelo Oliveira, sócio-fundador da Quantzed.

MRV (MRVE3), Via (VIIA3) e CVC (CVCB3) puxaram as perdas de seus respectivos setores com recuos de 8,51%, 7,67% e 7,12%, respectivamente.

A queda afetou a maior parte do índice de ações. Dos 90 papéis listados no Ibovespa, apenas dez deles fecharam no azul.

A ponta ganhadora foi impulsionada pela Tim (TIMS3), que subiu 2,19%, a R$ 12,15. Na sequência aparecem São Martinho (SMTO3) e Vivo (VIVT3), com ganhos de 1,97% e 0,77%.

Em Wall Street, os temores em relação à postura do Federal Reserve (banco central norte-americano) no próximo encontro de política monetária continuam derrubando os índices.

O mercado ainda segue dividido entre a intensidade da elevação dos juros pelo Fed – se o órgão promoverá uma elevação de 0,50 ponto percentual ou de 0,75.

O S&P 500 abriu mais uma semana no vermelho – as bolsas norte-americanas ficaram fechadas ontem por causa do feriado do Dia do Trabalho. O índice recuou 0,40% hoje, a 3.908,55 pontos; o Dow Jones perdeu 0,54%, a 31.148,07 pontos e o Nasdaq caiu 0,74%, a 11.544,91 pontos.

Em um dia de incertezas entre investidores, o dólar comercial avançou 1,63%, a R$ 5,2381.

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