Dois anos depois, quando ele se matriculou na Tulane University, em New Orleans, as ações das empresas de tecnologia tinham subido cerca de 200% desde o IPO da Netscape, em meados de 1995. As cotações dobrariam novamente de valor nos próximos meses. Kupperman notou que muitas dessas empresas ponto-com acabaram quebrando quando os bloqueios de negociação dos fundadores e primeiros investidores expiraram, e esses pioneiros realizaram vendas em massa.
No começo de 2000, Kupperman, conhecido por seus amigos e colegas como “Kuppy”, pegou os US$ 6.000 que ganhara durante o verão limpando piscinas na costa norte de Long Island e começou a comprar opções de venda de “bombas” ponto-com, como Commerce One e Foundry Networks. Ele assumiu posições vendidas, apostando na baixa desses papéis. Quando a bolha estourou em março de 2000 e o Nasdaq caiu 80%, ele fez uma pequena fortuna.
“Eu tinha alguns milhares de dólares na minha conta no começo do ano. No fim do ano eu tinha algumas centenas de milhares”, gaba-se Kupperman, 41 anos.
“Isso abriu meus olhos para o potencial de se pensar melhor do que o outro cara, você pode ganhar muito dinheiro”, acrescenta o gestor.
Duas décadas depois, seu fundo Praetorian Capital tem US$ 180 milhões sob gestão e rendeu 593% desde que recebeu os primeiros recursos de investidores, em 2019. Esse percentual é líquido da taxa de administração de 1,25% e dos 20% de taxa de performance. Em 2020 e 2021, seu fundo, que faz apostas concentradas em apenas uma dezena de investimentos, rendeu mais de 100%.
Uns perdem outros lucram
“O bitcoin é uma pirâmide, é um esquema Ponzi, não tem nenhuma função real”, diz ele.
“Mas há momentos em que investir em pirâmides é perfeitamente bom. Quando as bolhas estão inflando, elas são muito lucrativas.”
Ele diz acreditar que o bitcoin sobe quando o Fed injeta liquidez no mercado, como fez nos primeiros dias da pandemia, e afunda quando o banco central aperta. Ele comprou bitcoin por cerca de US$ 9.200 no terceiro trimestre de 2020 e, no fim do ano, a criptomoeda era a maior posição em seu portfólio.
Outras apostas durante a pandemia foram pequenas empresas de gás natural e fabricantes de armas de fogo. Hoje, ele está comprado em habitação. Para ele, a alta dos juros não importa em lugares como a Flórida, que continuam a atrair moradores que saem de estados com altos impostos.
“A cada 18 a 24 meses, um setor enlouquece e você compra barato”, diz Kupperman. “Essa é a história da minha vida. Sou paciente – espero até que eles percam completamente a cabeça e depois compro.”
Trajetória de investimentos de risco
Kupperman formou-se em Tulane em 2003 com um diploma em história, abriu um fundo de hedge e se mudou para Miami. Seu fundo se saiu razoavelmente bem, mas na esteira da crise financeira de 2008, ele o fechou.
Para seu azar, logo depois que o Mongolia Growth Group abriu seus escritórios em 2011, o governo mongol começou a restringir o investimento estrangeiro e o crescimento econômico desacelerou até parar. Hoje, a maior parte da receita de US$ 2,5 milhões do Mongolia Growth Group vem de um boletim informativo chamado Kuppy’s Event Driven Monitor, que não tem nada a ver com a Mongólia e custa US$ 400 por mês.
Em 2019, ele relançou o Praetorian com Wes Cooper, um ex-sócio da Ernst & Young, usando principalmente seu próprio dinheiro. Suas maiores posições hoje incluem urânio físico, que resistiu a um mercado de baixa de 14 anos, e petróleo bruto.
A alta dos preços da energia mantiveram o desempenho do Praetorian em alta neste ano, com uma valorização de 9,1% até julho, em comparação com a queda de 13,3% do S&P 500. Mas o aumento dos juros desvalorizou suas ações do setor imobiliário, como a The St. Joe Company, uma de suas principais posições desde o outono de 2020.
“Todo mundo está pirando com as taxas de juros e hipotecas”, diz Kupperman. “Acho que não vai mudar nada. Em um ano, as taxas de juros vão cair, mas as pessoas de Nova York continuarão vindo para a Flórida.”
Kupperman pode estar apostando pesado na alta dos imóveis na Flórida, mas ele já transferiu as operações do Praetorian para uma propriedade litorânea em Rincón, em Porto Rico, onde os impostos são mais baixos. Ele está pensando em fechar seu fundo quando atingir US$ 250 milhões em ativos.
“Tenho amigos que administram bilhões e eles têm mais dinheiro do que eu”, diz ele, “mas não posso gastar todo o dinheiro que já ganhei em minha carreira”.