Aceitação de bancos digitais dobra no Brasil, mostra pesquisa

5 de outubro de 2022
Busakorn Pongparnit/Getty Images

Apesar da forte tendência do consumidor em incorporar o digital no seu dia a dia, os bancos tradicionais não foram totalmente descartados

Os bancos digitais têm ganhado força no Brasil, mas ainda disputam espaço com os tradicionais. Uma pesquisa do C6 Bank/Ipec mostra que 79% dos brasileiros declararam ter contas em bancos digitais ou em instituições sem agências físicas.

No entanto, apesar da forte tendência do consumidor em incorporar o digital no seu dia a dia, os bancos tradicionais não foram totalmente descartados. Segundo um levantamento da Akamai Technologies, realizada em parceria com a Cantarino Brasileiro, 70% possuem contas tanto em bancos digitais quanto tradicionais, dividindo o espaço entre o online e o físico.

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Na mesma pesquisa realizada em 2020, esse número era de apenas 37%. Já o número de clientes que tinham conta apenas em bancos tradicionais caiu de 57% em 2020 para 21% em 2022.

“Esse crescimento [dos bancos digitais] é esperado e observado ano a ano, mas o que surpreende é que quem só tinha conta em banco digital acabou abrindo uma conta em um banco tradicional em 2022, algo que não apareceu nas pesquisas anteriores”, aponta a Akamai.

Apesar disso, o número de clientes que tinha conta apenas no tradicional caiu de 25% em 2021 para 21% em 2022. Segundo o levantamento, esses dados mostram uma mudança no modo como o brasileiro se relaciona com seu banco e reforça a ideia de que cada vez mais os usuários mantêm contas em ambos os tipos de bancos.

Jovens mais conectados

De acordo com a pesquisa da Akamai, o fator mais importante na escolha de um banco digital é a faixa etária do cliente. A pesquisa do C6 Bank/Ipec revela que o percentual de brasileiros que usam bancos online sobe para 91% na faixa entre 24 e 34 anos.

No levantamento da Akamai, o cenário é parecido: os bancos digitais são os preferidos (89%) entre jovens adultos (20-29 anos), enquanto 81% dos entrevistados entre 30 e 39 anos aderem ao sistema digital.

Segundo Claudio Baumann, diretor geral da Akamai Technologies para América Latina, isso tem um motivo. “O poder de controlar o acesso aos seus dados pela palma da sua mão acaba conquistando o público, principalmente os mais jovens. […] As facilidades proporcionadas pelos bancos digitais são os diferenciais que favorecem o movimento de migração.”

Para Felipe Wey, head do segmento de Alta Renda do C6 Bank, a digitalização de serviços financeiros avançou de forma consistente nos últimos anos. “E isso conquistou todos os perfis de clientes”, diz o executivo.

Para Baumann, os bancos digitais chegaram mudando o conceito de relacionamento com seus clientes, se apresentando sem tarifas, com mais rapidez, praticidade e inclusão para aqueles que não conseguiam abrir uma conta em um banco tradicional.

Pagamento instantâneo favorece o cenário

O Pix, sistema de pagamentos instantâneos criado pelo Banco Central, entrou em operação em setembro de 2020. A adoção da nova tecnologia foi rápida: em um ano, 82% dos entrevistados já tinham cadastrado sua chave Pix. Neste ano, esse número subiu para 92%, revela a pesquisa da Akamai.

Além disso, em 2021 o WhatsApp Pay começou a funcionar, permitindo pagamentos por meio do aplicativo. Segundo a pesquisa deste ano, 31% dos entrevistados afirmam utilizar o serviço do WhatsApp para transações financeiras.

Poupança é a preferida dos clientes tradicionais

O levantamento também mostra que entre os adeptos dos bancos digitais, o serviço preferido é o do Pix e o menos utilizado é a conta poupança. Já nos bancos tradicionais, o maior número de clientes utiliza o serviço de cartão de débito, enquanto o menor volume se concentra em investimentos diversos.

A pesquisa revelou que quando se trata de poupança, o brasileiro ainda prefere deixar o dinheiro guardado em banco tradicional — em média 17% dos que usam bancos tradicionais utilizam a poupança, enquanto nos digitais é apenas 5%.

A conta corrente também ainda é um serviço mais usado nos bancos tradicionais (16%) do que nos digitais (14%).

Os aplicativos móveis seguem sendo a principal forma de acesso aos serviços bancários, se mantendo quase na mesma proporção de 2021, de 76% para 77% em 2022. O internet banking vem em segundo lugar, utilizado por 39% dos entrevistados.

Apesar das mudanças nos últimos anos, tarifas baixas, segurança de dados e facilidade de acesso seguem como principais critérios para escolha de uma instituição financeira. A pesquisa deste ano mostra que os critérios para escolha de um banco estão mais pulverizados, ainda que as tarifas continuem sendo o atributo mais importante, com 56%, houve uma queda de 15 pontos percentuais em comparação a 2021.

Metodologia das pesquisas

O estudo da Akamai foi realizado através de entrevistas em um painel online com 1.118 brasileiros, em todas as regiões do país entre abril e junho de 2022. O objetivo era avaliar bancos que as pessoas tinham contas, atributos para a escolha das instituições bancárias, uso de bancos e seus produtos e entender melhor aspectos recentes do sistema financeiro como Pix, Open Finance e ESG.

A pesquisa C6 Bank/Ipec ouviu mil brasileiros das classes A e B com acesso à internet entre os dias 29 de agosto e 8 de setembro. A margem de erro é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos.

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