Como corrigir a rota dos investimentos depois das eleições?

7 de outubro de 2022
GETTY IMAGES

Manutenção é importante, uma vez que a decisão deve clarear quais serão os próximos passos econômicos do país

No próximo dia 30, os brasileiros saberão quem será o presidente pelos próximos quatro anos. E se antes a pergunta do investidor era como posicionar a carteira durante o período eleitoral, agora a questão é como se posicionar após as eleições.

Essa manutenção (ou montagem) das carteiras é importante, uma vez que a decisão deve clarear quais serão os próximos passos econômicos do país. Rodrigo Azevedo, planejador financeiro e economista da GT Capital, explica que a atenção precisa ser voltada principalmente ao que diz respeito à diretriz de política fiscal do Brasil.

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Para o especialista, esse ponto é importante já que, com ele, é possível entender quais serão as expectativas para inflação e juros domésticos. “Essas são informações muito relevantes para os investidores, seja dos mais conservadores aos mais arrojados”, diz Azevedo.

Já para Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos, apesar do cenário eleitoral, o momento ainda vai pedir cautela do investidor. Não só por conta das eleições, mas pelo cenário macroeconômico. “É preciso lembrar que as questões inflacionárias continuarão em evidência.”

Por isso, o ideal seria ter a carteira atrelada principalmente à renda fixa corrigida pela inflação, além de ter também investimentos com juros prefixados. “Esse movimento servirá tanto para passar esse período pós-eleição quanto para aguardar uma definição mais clara do exterior em relação ao encaminhamento do aperto monetário nas principais economias”, explica Moliterno.

No entanto, os investidores com mais apetite ao risco já podem começar a pensar em voltar a adicionar mais ativos desta categoria na carteira. Se antes a recomendação da Veedha era manter um percentual de risco menor, cerca de 5% a 10% dependendo do perfil do investidor, hoje o percentual já está em 15% a 20%. O maior percentual, por sua vez, segue sendo em renda fixa.

É hora de fugir dos ativos de risco?

Não. Apesar dos compassos e do percentual alocado ser menor, o momento não deve ser de fuga, mas sim de atenção. “É preciso lembrar que o mercado detesta incertezas. Com o resultado no próximo dia 30, os investidores terão mais clareza sobre os próximos caminhos”, diz o head de renda variável.

Moliterno diz acreditar que as ações brasileiras estão em um momento propício de valuation e, por isso, é preciso começar a pensar em aumentar a exposição na carteira.

Depois do primeiro turno, o Ibovespa registrou forte alta. Com valorização de 5,5%, o investidor, seja de perfil moderado ou arrojado, que montou posição de ativos de risco levando em consideração o resultado do primeiro turno, viu sua carteira ter uma grande valorização já na segunda-feira.

Azevedo, da GT Capital, acrescenta que os destaques foram principalmente para as empresas nacionais e estaduais – que flertam com a possibilidade de privatização – se valorizando fortemente.

Para Moliterno, da Veedha, se Bolsonaro (PL) continuar no poder, as ações de estatais podem ser beneficiadas, apresentando boas performances. “Elas devem seguir uma tendência de recuperação.”

Por outro lado, os papéis do setor de educação podem sofrer. “Esse setor depende muito de ações governamentais, como o FIES, e o atual governo não tem interesse em reviver esse programa. Esse foi um dos motivos do setor ter sofrido durante esses quatro últimos anos”, relembra.

Caso a vitória seja de Lula, do PT, a situação se inverte. Moliterno diz acreditar que as empresas estatais, como Petrobras e Banco do Brasil, tendem a ter uma performance pior, tendo em vista o passado. Em contrapartida, o setor de educação deve ser um dos mais beneficiados por conta do FIES.

Para Marcelo Oliveira, CFA e CEO da Quantzed, com congresso e senado de maioria centro-direita, qualquer que seja o candidato eleito, a Bolsa deve acabar reagindo bem.

“Muda a natureza das apostas, Talvez o mercado fique um pouco mais comedido no começo caso de uma vitória de Lula, à espera da nova equipe econômica. O que não acontece no caso de Bolsonaro, pois que já é conhecido.”

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