Dólar tem maior alta em 6 meses e fecha acima de R$ 5,30

24 de outubro de 2022

Cotações da moeda americana fecharam em alta

O dólar disparou acima de R$ 5,30 hoje (24), com o aumento das tensões políticas no Brasil na reta final da corrida eleitoral presidencial exacerbando movimento externo de busca pela moeda norte-americana em meio a preocupações com a saúde econômica da China.

A moeda norte-americana à vista fechou em alta de 2,94%, a R$ 5,3012, maior valorização diária desde 22 de abril passado (+4,07%) e patamar de encerramento mais alto desde segunda-feira passada (5,3014 reais). O real teve, de longe, o pior desempenho entre uma cesta das principais divisas globais nesta sessão.

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O dólar negociado no mercado interbancário voltou a fechar acima de suas médias móveis lineares de 50 e 100 dias, depois de na última sessão, na sexta-feira, ter encerrado abaixo de ambas as marcas pela primeira vez em um mês.

Na B3, às 17:22 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 2,67%, a 5,3085 reais.

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Semana eleitoral

Aumentando as tensões políticas antes da eleição de 30 de outubro, o ex-deputado federal Roberto Jefferson foi detido ontem (23) após receber com tiros e granadas agentes da Polícia Federal que cumpriam ordem de prisão dada pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Alexandre de Moraes. Jefferson, aliado do presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL), foi indiciado hoje pela Polícia Federal por quatro tentativas de homicídio.

A visão do mercado é que o incidente envolvendo Jefferson poderá ser prejudicial à campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL), daí a queda das ações e a alta das taxas de câmbio. “Os mercados devem ficar bastante sensíveis ao cenário político nos próximos dias”, diz Felipe Berenguer, analista político da casa de análise independente Levante Ideias de Investimentos.

“Parte do mercado entende que eventos envolvendo Roberto Jefferson podem trazer impactos significativos para as eleições, com a possível pausa do crescimento de Bolsonaro nas pesquisas e potencial impacto sobre os indecisos”, disse Carla Argenta, economista-chefe da CM Capital. “Neste contexto, Lula estaria mais próximo de levar o pleito e a nebulosidade acerca da política fiscal volta a assustar o investidor doméstico.”

Dólar em alta

Embora tenha sido amplificada no Brasil pelas tensões locais, a alta do dólar não foi isolada, com um índice que compara a divisa norte-americana a seis pares fortes ganhando 0,14% nesta tarde. Ao mesmo tempo, várias moedas emergentes ou sensíveis às commodities apresentaram forte queda no dia, com peso chileno, rand sul-africano, dólar australiano e iuan chinês perdendo de 1% a 1,7%.

Investidores mostraram hoje alguma preocupação com a economia da China, que, embora tenha se recuperado mais do que o esperado no terceiro trimestre, ainda enfrenta desafios em várias frentes, como uma crise imobiliária cada vez mais profunda e os riscos de recessão global.

Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco Mizuho, disse que também pesou a perspectiva de manutenção da política rígida de combate à Covid-19 na China, que foi reafirmada no fim de semana durante o Congresso do Partido Comunista do país.

(com Reuters)

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