Os números da Kijani mostram o interesse dos investidores pelo setor. Os Fiagro são um produto recente. Começaram a ser negociados há cerca de dois anos, ainda servindo-se de uma regulamentação provisória da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) que utilizou o arcabouço legal dos Fundos de Investimento Imobiliário (FII) e dos Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (Fidc).
Atualmente, cerca de 85 mil investidores já colocaram aproximadamente R$ 6 bilhões nos Fiagro. E a conta não para de subir. Há pouco mais de 30 Fiagros abertos à captação, a maioria com cotas negociadas na B3. Os mais populares têm investimento inicial a partir de modestos R$ 10,00.
O campo, sem trocadilhos, é vasto. No ano, até setembro, o agronegócio brasileiro produziu cerca de R$ 1,2 trilhão. Isso representa cerca de 14% do PIB estimado para 2022. O setor é profundamente dependente dos recursos públicos. O Plano Safra, principal programa de apoio à produção agrícola nacional, disponibiliza R$ 340 bilhões para a atividade no ciclo que se encerrará em junho do ano que vem.
Esse valor não é suficiente para cobrir as necessidades de investimento. “O agro do Brasil produz mais de R$ 1 trilhão em valor de mercado. Na média, os agricultores são 70% alavancados. Trata-se de mais de R$ 700 bilhões de necessidade de investimento”, disse Vitor Duarte, CIO da gestora Suno Asset em um evento dedicado a fundos imobiliários, em agosto.
Esse dinheiro atualmente vem de financiamento com os fornecedores de insumos, de reinvestimento dos recursos e há uma participação pequena do mercado de capitais. Isso deve mudar, porém. “Hoje o Fiagro é o instrumento mais importante quando falamos em dívida agrícola. É um segmento que tem crescido muito”, diz Santana.
Por exemplo, os fundos compram títulos originados por empresas que atuam na estocagem de grãos, na produção de alimentos, nas embalagens e na distribuição. “Nós acreditamos que o papel do mercado de capitais no financiamento do agronegócio brasileiro será cada vez mais importante”, afirma.
A vantagem brasileira e o impacto da guerra
Segundo Santana, o foco no agro é justificado devido às características nacionais do setor. O País é um dos maiores produtores e exportadores das dez principais commodities agrícolas. “Somos extremamente competitivos e estamos na vanguarda tecnológica”, diz Santana. Com outra vantagem: “O mundo depende do Brasil para se alimentar.”
Santana avalia que o impacto da invasão russa à Ucrânia no mercado foi menor do que o esperado. “O agronegócio é uma cadeia global. O que nós produzimos aqui no Brasil, é necessário para alimentar quase 1/3 da população mundial. Para isso acontecer, existe uma série de conexões estabelecidas, seja de grãos e fertilizantes, por exemplo. A pandemia já tinha trazido impactos, com as safras acontecendo em meio a esse cenário”, explica Santana.
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