Em ambos os casos, haveria uma holding ligada à Natura & Co listada nos Estados Unidos, que deteria as ações da australiana Aesop. Segundo a holding brasileira, o movimento tem como “objetivo dar às marcas e unidades de negócio uma autonomia e responsabilidade maiores”.
No primeiro caso, o IPO da Aesop levantaria recursos para acelerar o crescimento da marca. Já no segundo, a Natura primeiro se separa da marca e depois faria a oferta pública de ações.
De acordo com a análise de Georgia Jorge, analista do BB Investimentos, destravar o valor da Aesop é positivo para a Natura, visto que se trata de um ativo premium, com forte potencial de crescimento a ser explorado nos próximos anos.
Quem é a Aesop?
Fundada em 1987, em Melbourne, na Austrália, a Aesop foi adquirida em 2013 pelo Grupo Natura & Co, por US$ 100 milhões, e é a divisão com maior crescimento e maior rentabilidade do grupo. De 2013 a 2021, a receita cresceu em média 20% ao ano, com uma margem bruta na faixa dos 90%.
A Aesop é uma marca de cosméticos de luxo com portfólio focado em cuidados com a pele e com os cabelos, principalmente. Os produtos são distribuídos principalmente em lojas exclusivas, lojas de departamento, comércio eletrônico e distribuidores em 28 países.
De acordo com o relatório do BB Investimentos, atualmente o foco prioritário da unidade de negócios da Aesop está no crescimento da marca. Para isso, as estratégias são:
• estabelecer uma forte presença na Ásia, com entrada na China já em 2022;
• expandir sua presença nos principais mercados globais por meio de uma abordagem mais omnicanal, e
• destravar o valor de produtos relacionados a fragrâncias e tratamentos.
Impasse com a Natura
Segundo o Brazil Journal, a gestão da Aesop está insatisfeita com sua remuneração (que é vinculada às ações da Natura) tendo em vista o bom desempenho da marca e a situação dos papéis da holding. Neste ano as ações NTCO3 listadas no Ibovespa desvalorizaram 48,6%. Em 12 meses o desempenho é ainda pior: queda de 70,4%.
Em videoconferência na manhã de hoje, o diretor financeiro e de relações com investidores da Natura, Guilherme Castellan, afirmou que embora exista a possibilidade de destravamento de valor em relação aos incentivos oferecidos à gestão com o spin-off ou o IPO, esse não é o motivo da iniciativa e, sim, uma consequência.
Outra consequência possível apontada por Castellan é a possibilidade de redução da dívida (alavancagem) do Grupo Natura & Co. Porém, segundo o diretor, ainda não há uma definição acerca da oferta, se seria primária ou secundária.
Castellan ainda afirmou que não há pressa para avançar em nenhum dos tópicos até que as condições de mercado não sejam propícias.
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