Bancos europeus pagam € 296 bilhões ao BCE para reduzir liquidez

18 de novembro de 2022
Reuters / Wolfgang Rattay

Edifício do Banco Central Europeu (BCE) em Frankfurt, Alemanha

Os bancos da zona do euro devem pagar quase € 300 bilhões em empréstimos ao Banco Central Europeu (BCE) na próxima semana, a maior retirada de dinheiro do sistema financeiro da zona do euro nos 22 anos de história do euro.

A medida faz parte dos esforços do BCE para combater a inflação recorde na zona do euro através da elevação do custo do crédito, e é o primeiro passo para enxugar ainda mais a liquidez no próximo ano, cortando sua carteira de títulos de vários trilhões de euros.

O banco central da zona do euro disse hoje (18) que os credores pagarão € 296 bilhões do crédito plurianual de € 2,1 trilhões que tomaram sob suas Operações de Refinanciamento de Longo Prazo Direcionadas (TLTRO) quando tiverem a primeira chance de fazer isso, em 23 de novembro.

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Isso é menos do que o meio trilhão de euros que analistas esperavam, mas ainda é a maior queda no excesso de liquidez desde que os registros começaram em 2000.

A taxa ESTR de uma semana, que mede os custos dos empréstimos para os bancos após o pagamento, caiu depois do anúncio do BCE, assim como os rendimentos dos títulos do governo italiano de dois anos, embora brevemente.

Autoridades do BCE analisarão como o mercado digere essa queda repentina de liquidez para avaliar com que rapidez eles podem reverter o Programa de Compra de Ativos de € 3,3 trilhões do banco, o que discutirão na reunião de 15 de dezembro.

“Esses pagamentos antecipados consideráveis reduzem o balanço do Eurosistema e, assim, contribuem para a normalização geral da política monetária, necessária para levar a inflação de volta à meta no médio prazo”, disse Isabel Schnabel, membro do conselho do BCE, no Twitter.

Esta é a primeira janela de pagamento voluntário, então analistas alertaram que alguns tesoureiros bancários podem optar por esperar até a próxima, em 21 de dezembro, para ter melhor visibilidade da situação de seu balanço antes dos resultados do final do ano.

O maior impacto dos pagamentos provavelmente será visto nos países periféricos, que veriam uma proporção maior de seus títulos governamentais voltarem ao mercado depois de serem bloqueados no BCE como garantia para os empréstimos TLTRO.

A outra área de foco do BCE são os mercados monetários, nos quais os bancos emprestam uns aos outros por um curto período de tempo.

Esses mercados têm sido prejudicados pela política do BCE há anos, pois os bancos não conseguiam encontrar títulos de alta qualidade para usar como garantia para empréstimos ou não tinham incentivo para fazê-lo quando podiam simplesmente recorrer às TLTRO para empréstimos subsidiados.

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