Investir em itens de luxo é mais lucrativo que ações ou criptomoedas

29 de novembro de 2022
Jeremy Moeller/Getty Images

Em alguns casos, produtos de marcas de luxo se valorizarem mais que ativos comuns

O bom momento vivido pelo mercado de luxo atrai cada vez mais clientes no Brasil. Segundo um levantamento da consultoria internacional Euromonitor, os negócios no segmento de alto padrão no Brasil estiveram entre os menos prejudicados desde o início da pandemia. A previsão do conglomerado americano de marcas de luxo Tapestry é que os millennials e a geração Z dominarão este mercado até 2025, com mais de 70% de participação.

Essa projeção pode encher os olhos, principalmente, dos consumidores mais veteranos que colecionam peças de grifes como Hermès, Chanel, Cartier, Dior, Gucci, entre outras, já que a tendência é de que produtos dessas marcas, muitos limitados e raros, se valorizarem, em alguns casos, até melhor que ativos mais comuns.

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Segundo a Front Row, marketplace de artigos de moda de luxo novos e seminovos, no balanço do primeiro semestre deste ano as bolsas da griffe Chanel padrão valorizaram-se 15%. Nesse período, os demais ativos financeiros exibem rentabilidade negativa. O Ibovespa recuou 5,87%, o dólar caiu 6,22%, as perdas do ouro foram de 8,18% e quem investiu em bitcoin amargou uma queda de 57,83%.

“Bolsas e relógios de luxo continuam a superar outros colecionáveis quando se trata de retornos anuais tanto no mercado interno quanto no internacional. Especialmente as bolsas Chanel se destacam como reserva de valor devido à valorização e à baixa volatilidade dos preços”, afirma Lilian Marques, CEO da Front Row. A executiva notou que a demanda por bolsas Chanel cresceu 50% em 2022 na comparação com o mesmo período de 2021.

Tempo lucrativo com os relógios

Também no fechamento do primeiro semestre deste ano, o índice Subdial50, que monitora os preços do mercado global para os 50 relógios de luxo mais demandados por valor e inclui os modelos Daytonas, Datejusts e Submariners, todos da Rolex, cresceu 32% nos últimos 12 meses. Por outro lado, o índice de ações S&P 500 teve o pior primeiro semestre desde 1970, com uma queda de 21%.

Em relatório recente, a XP Investimentos destacou três fatores que, segundo analistas, explicam o cenário positivo: o consumidor de alto padrão se beneficiar da formação de poupança circunstancial observada durante da pandemia; a reabertura econômica, com a volta dos eventos que movimentam o setor; e o mercado consumidor menos afetado pela inflação, o que sustenta uma demanda pouco elástica.

O que torna o mercado de luxo mais vantajoso, segundo o relatório, é sua baixa volatidade. “As empresas focadas no público de alta renda conseguem repassar o aumento de custos de forma mais eficiente, aumentando os preços sem que isso reflita diretamente na perda considerável de vendas ou desvalorização. O impacto acontece, mas é menor”, afirma a analista da área de research da XP Investimentos, Pietra Guerra.