Em meio às negociações do governo eleito para aprovação de uma PEC que retira despesas federais da contabilidade do teto de gastos, Campos Neto disse ser importante “aprender com lições” ao argumentar que a taxa longa de juros está sensível à trajetória do endividamento público, e enfatizando que o “Brasil precisa mostrar equilíbrio nas contas”.
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“Claramente a gente tem um ponto de inflexão, e a gente já está nele, onde às vezes fazer mais pode significar inclusive ter um efeito menor, ou efeito contrário do que se espera, em termos de geração de emprego, em termos de levar o benefício para quem está na ponta.”
De acordo com Campos Neto, não explicar bem o programa de gastos que será implementado no país gera incerteza e acaba diminuindo a capacidade do governo de realizar despesas.
“Se você for mais transparente e explicar melhor, você pode gastar mais e com menos custo em termos de credibilidade”, afirmou. “Não estar explicando muito bem ou não estar desenhando muito bem o programa e ter várias notícias ao mesmo tempo acaba gerando uma incerteza e diminui sua capacidade de gastar.”
Fiscal x Monetário
“A coordenação fiscal e monetária é muito fácil na hora de expandir, mas é muito mais difícil na hora de contrair porque a velocidade do pensamento, vamos dizer assim, na parte de política monetária é mais rápida e mais focada”, disse, argumentando que o fiscal enfrenta a necessidade de seguir “uma política assistencialista” após a pandemia.
Campos Neto frisou que a questão fiscal, seja pelo efeito em expectativas ou pela injeção de dinheiro na economia, pode afetar a atuação da política monetária. Lembrou ainda que o mercado já precificava um ciclo de baixa de juros no Brasil, mas o cenário mudou com a incerteza fiscal.
“O Brasil estava precificando um ciclo de queda e aí mais recentemente, com essa dúvida sobre o futuro do arcabouço fiscal, as taxas de juros futuros reagiram”, afirmou.
Na apresentação, ele disse que o mundo pode entrar agora em um período de mudança, com preocupação principal não sendo tanto a inflação, ser um pouco mais o crescimento “e talvez esse binômio de a inflação não subindo, mas persistente, com crescimento mais baixo e com surpresas negativas”.