Em relatório assinado por Thomas Thorton e David Plaus, o Bank of America (BofA) lista os dez temas mais importantes para ficar de olho em 2023 na hora de preparar estratégias de investimento.
De acordo com os analistas, a recessão nos mercados desenvolvidos deve acontecer, mas é esperado uma melhora na economia da China e um retorno do apetite por risco mais para o meio do ano.
Confira os dez temas mais importantes da economia internacional em 2023:
1. Retorno do apetite por risco a partir do segundo semestre
Thorton e Plaus afirmam que permanecem avessos a risco no primeiro semestre de 2023, mas estão prontos para um viés otimista no segundo semestre, “à medida que a narrativa da inflação muda e os ‘choques’ das taxas deste ano e do crédito no primeiro semestre de 2023 passam”.
“Mordisque o S&P aos 3.600 pontos, morda aos 3.300 pontos e devore aos 3.000. O mercado normalmente chega ao fundo do poço seis meses antes do fim da recessão, então compre no primeiro semestre, porque a recessão deve terminar no terceiro trimestre do ano”, diz o relatório.
2. Recessão nos EUA, na zona do Euro e no Reino Unido
O BofA espera uma recessão moderada nos EUA no primeiro semestre. Para a Europa, os analistas veem uma recessão ainda neste inverno (verão aqui no Brasil), com uma recuperação superficial a partir de então. “A inflação vai cair, mas levará tempo para os bancos centrais declararem vitória”, diz o relatório.
Os analistas dizem acreditar que os aumentos dos juros pelo Fed (Federal Reserve, o banco central americano) devem ser mais suaves em 2023. “Esperamos que a curva de rendimento se desinverta e a volatilidade das taxas caia”, diz o relatório. Para eles, setores prejudicados pelo aumento dos juros em 2022 podem se beneficiar em 2023.
4. China reabre, mas continua instável
“Em nossa opinião, a questão dominante para o crescimento da China em 2023 é como os controles da Covid serão facilitados”, diz o relatório do BofA. As sinalizações atuais de relaxamento nas medidas de restrição implicam na recuperação da demanda doméstica, segundo os analistas.
5. Retornos dos mercados emergentes
Segundo o BofA, em 2023, os mercados emergentes devem entregar os melhores retornos em termos de rendimentos de títulos de dívida, Brasil inclusive. Os analistas prevêem retornos totais em dólares de 12% nas dívidas locais e 11% no crédito soberano.
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6. Metais impulsionados: cobre sobe 20%
“As recessões nos principais mercados são um vento contrário, mas a reabertura da China, o dólar em alta e, especialmente, a aceleração dos investimentos em energias renováveis mais do que compensam os fatores negativos”, diz o relatório do banco, sobre o cenário propenso para valorização do cobre.
A estimativa dos analistas é de que o preço do metal possa chegar a US$ 12 mil a tonelada (R$ 63,4 mil), em 2023. Atualmente, o contrato futuro negociado em Londres (LME) está avaliado em cerca de US$ 8.530 (R$ 45 mil).
O risco de recessão e a preocupação com uma queda na demanda pela commodity fez os preços do barril de petróleo caírem para a faixa de US$ 80 (R$ 422). No entanto, os analistas acreditam que o barril Brent irá se manter numa média de US$ 100 (R$ 528) ao longo de 2023 e aumentar para US$ 110 (R$ 581) depois do segundo semestre.
Os motivos para essa análise são as sanções ao petróleo russo (que diminui a oferta do produto), baixos estoques de petróleo nos países produtores, reabertura da China e “uma OPEP que está disposta a cortar a produção caso a demanda enfraqueça”.
8. Reshoring e capex continuam fortes
Os analistas apontam que as fábricas de semicondutores nos EUA estão chegando mais rápido do que o esperado. A taxa de crescimento anual composta estimada por eles é de 8% a 9% na estimativa de 2019 a 2024.
9. Inflação diminui, mas gastos não aumentam
Para o BofA, a inflação deve diminuir no próximo ano, mas isso não significa que os consumidores voltarão a gastar. O mercado de trabalho mais fraco pesará sobre o sentimento de compra, segundo os analistas, levando a um comportamento de gastos mais conservador em um ambiente de maior incerteza na renda.
10. Gestão conservadora dos balanços das empresas
A desaceleração no crescimento global deverá levar os lucros corporativos para o território negativo, de acordo com o BofA. A compensação será uma gestão conservadora do balanço patrimonial das empresas e uma queda das dívidas corporativas.
“Como resultado, uma redução na dívida bruta (esperamos -1,5% para 2023) deve compensar em grande parte o menor crescimento dos lucros (-5% no Ebitda ano a ano em 2023) e resultar em fundamentos de crédito resilientes no próximo ano”, escrevem os analistas.