“Vamos ter uma produção em dezembro boa, mas provavelmente vai ser um pouco menor que no ano passado, que foi de 211 mil unidades”, disse o presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, a jornalistas.
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Em novembro, a produção de veículos subiu 4,7% ante outubro e os emplacamentos avançaram 12,8%. A indústria montou 215,8 mil carros, comerciais leves, caminhões e ônibus novos no mês passado, acumulando no ano crescimento de 6,9%, para 2,18 milhões de unidades.
Os licenciamentos de novembro somaram 204 mil veículos, reduzindo o acumulado negativo do ano para 1,3%, a 1,89 milhão de unidades, segundo os dados da entidade.
Segundo Leite, o desempenho de novembro foi forte, mas o setor segue ainda afetado por restrição na oferta de componentes eletrônicos, um problema crônico da indústria no mundo após as quebras das cadeias de fornecimento com resultado da pandemia.
Leite não quis dar indicações para o desempenho do setor no próximo ano, mas voltou a chamar atenção para a inversão que há meses vem sendo sentida pelo setor: as vendas à vista hoje são responsáveis pela maioria dos emplacamentos, enquanto, historicamente, eram os negócios a prazo que impulsionavam o setor.
Em novembro, 69% das vendas de veículos novos no país foram à vista, acima dos 64% registrados em outubro.
Apesar de a proporção de vendas à vista ser positiva para o fluxo de caixa das montadoras, que nos últimos anos também passaram a focar em modelos como SUVs e picapes – que carregam preços e margens maiores que modelos tidos como populares -, o presidente da Anfavea afirmou que isso poderá impactar o setor a partir de 2024.
Ele se referiu a um crescimento mais acentuado das vendas de veículos usados ante novos, com os veículos com 9 a 12 anos de uso se destacando em meio à queda da renda, inflação e aumento de juros.
“Não identificamos nenhum outro período em que nosso setor apresentasse 70% de vendas à vista”, disse o presidente da Anfavea.
Os estoques de veículos novos subiram para 198 mil em novembro ante 188,9 mil em outubro, um patamar considerado por leite “ainda bastante baixo”. O volume do mês passado é equivalente a 29 dias de vendas.
No exterior
O presidente da Anfavea afirmou que o crescimento ocorre em meio a uma expansão de participação de outros mercados nas exportações de veículos do Brasil enquanto a Argentina, maior mercado brasileiro, atravessa estagnação.
As exportações para o México de janeiro a novembro subiram em 25 mil unidades sobre um ano antes, um incremento de 46%. Para o Chile, os embarques saltaram 60% no período. Para a Argentina, houve crescimento de 6 mil unidades no volume, algo considerado como desempenho estável pela Anfavea.
“A Argentina vem dando sinais de perda de relevância nas exportações brasileiras”, disse o presidente da Anfavea.
Enquanto isso, a fatia do México, segundo maior mercado do Brasil, subiu de 16% para 18%, e o Chile cresceu de 10% para 12%, segundo os dados da Anfavea.