Para o estrategista-chefe da Avenue, William Castro Alves, e para o economista-chefe da Alphatree Capital, Raone Costa, depende. Na visão deles, em primeiro lugar, é preciso entender como a situação chegou ao estado que está hoje.
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Histórico
A guerra acelerou uma deterioração que já estava sendo causada pela crise de oferta e demanda vivida durante a pandemia do Covid-19, que afetou boa parte do mundo. A região, que até 2021 sofria com uma inflação negativa, viu os índices de preços ao consumidor chegarem a casa dos dois dígitos no último mês, chegando a 10,0% nos 12 meses até novembro.
O Banco Central Europeu (BCE) demorou a mostrar uma reação efetiva contra o aumento da inflação e só deu seu primeiro passo em direção a uma política monetária mais apertada em julho de 2022. O banco realizou a sua última reunião do ano na quarta-feira (14) e elevou novamente a sua taxa básica de juros em 0,5 ponto percentual para 2,5% ao ano.
Por lá, a crise energética pode ser um grande empecilho para a busca de uma estabilidade econômica, já que a região depende, em grande parte, do gás russo para funções básicas do dia a dia. Com o corte no fornecimento, que já acontece há alguns meses, a Europa começa a sentir os primeiros indícios de desabastecimento e tem uma perspectiva negativa para o período do inverno, que começa nos próximos dias.
Visão dos bancos
O Morgan Stanley divulgou um relatório no qual afirmava que as economias do Reino Unido e da zona do euro devem entrar em recessão no ano que vem. O Deutsche Bank, por outro lado, tem uma visão um pouco diferente.
Para o banco alemão, 2023 será um ano caracterizado pela estagflação, com uma recessão entre o quarto trimestre de 2022 e o primeiro trimestre do ano que vem, principalmente por conta da crise energética e seus efeitos sobre o crescimento.
Vendo pelo lado positivo, o banco analisa que o atual choque está parecendo mais raso e moderado do que se temia. Isso porque o PIB da região teve suas projeções melhoradas para 2023 de -1,2% para 0,6%, contrariando as expectativas do mercado.
Visão dos analistas
Em sua visão, o mercado de títulos de renda fixa tende a ser um porto seguro em momentos de recessão, porém o aumento de juros pode acabar pressionando esses títulos de dívida corporativa, então é preciso ter cuidado.
“Mesmo assim, considerando que ainda teremos um cenário de desaceleração pela frente, que pode penalizar as ações, a melhor alternativa seria procurar por investimentos de renda fixa”, afirma Castro Alves.
Para ele, a Europa se destaca em bancos, empresas farmacêuticas, empresas de luxo e algumas indústrias, especialmente automotivas. Esses nichos são alternativas promissoras. “Para quem tem orientação e pensamento de longo prazo pode ser interessante começar a montar a posição ao longo de 2023”, conta.
Pontos de atenção
Os analistas listam alguns pontos de atenção para os investidores que estão pensando em entrar no mercado europeu.
“Se de fato tivéssemos uma resolução na guerra na Ucrânia, talvez seria uma grande gatilho positivo para o euro e para para as ações europeias como um todo. Mas por enquanto esse não é o cenário esperado”, avalia Castro Alves.
A abertura da economia da China também pode beneficiar o turismo na Europa, então esse cenário também precisa ser acompanhado, já que os chineses são fortes consumidores de destinos na região.