Em dia marcado por forte volatilidade, o Ibovespa chegou a 101 mil pontos na mínima e fechou próximo das máximas, aos 103.745,77 pontos, após avançar 0,20%. Aumentos dos juros nos EUA, mudança na Lei das Estatais e dados de atividade econômica mexeram nos mercados hoje.
Como esperado, o banco central dos EUA aumentou a taxa dos juros em 0,50 ponto percentual, para a faixa de 4,25% e 4,50%. Entretanto, o que levantou dúvidas sobre os próximos passos em 2023 foi a projeção de uma taxa terminal de 5,125% frente aos 4,9% esperados anteriormente.
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A Câmara dos Deputados aprovou na noite de terça-feira uma mudança na Lei das Estatais que reduz de 36 meses para apenas um mês a quarentena obrigatória para que pessoas vinculadas à estrutura decisória de partidos políticos ou de campanhas eleitorais assumam cargos em empresas estatais.
O texto ainda seguirá para o Senado, mas levantou questionamentos por ter passado na sequência da nomeação de Aloizio Mercadante para o comando do BNDES pelo presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.
Petrobras figurou isolada nas maiores perdas do Ibovespa do dia. As ações ON (PETR3) perderam 9,80%, enquanto as ações PN (PETR4) caíram 7,93%. O Banco do Brasil (BBAS3) recuou 2,48%, na contramão dos seus pares privados.
Ainda no cenário político, o novo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que poderá antecipar a apresentação de uma proposta fiscal que seja confiável e sustentável, aliando compromisso com a estabilidade da dívida pública e também com a área social. Analistas indicam que o tom conciliador deu algum alívio para os mercados, em meio a situação com a Lei das Estatais.
Do outro lado do Equador, hoje foi dia de encerramento da reunião de política monetária do banco central dos EUA. O Federal Reserve subiu a taxa de juros em 0,50 ponto percentual, elevando a taxa para uma faixa entre 4,25% e 4,50%.
Porém, apesar da decisão unânime, o que assustou o mercado e ninguém esperava é que os membros do Fed disseram que a taxa terminal deve ficar acima de 5,125% no ano que vem, quando o esperado era 4,9%.
“Ou seja, temos um tom mais duro no discurso. O mercado vai projetar agora uma taxa terminal agora entre 5,0% e 5,5%”, diz Fabio Fares, especialista em análise macroeconômica da Quantzed.
Em discurso após a divulgação do relatório, Jerome Powell, presidente do Fed, demonstrou interesse em diminuir as altas de juros no futuro, a partir de fevereiro, o que acalmou um pouco mais o mercado.
As bolsas de Nova York operavam em alta antes da divulgação dos juros, mas viraram para queda com o discurso de uma taxa terminal mais alta. O Dow Jones caiu 0,42%, a 33.965,69 pontos, o S&P 500 perdeu 0,61%, aos 3.995,21 pontos, enquanto o Nasdaq recuou 0,76%, a 11.170,89 pontos.
O dólar comercial fechou em queda de 0,27%, a R$ 5,301, após registrar uma máxima intradia de R$ 5,373.