não nos impede de ajudar a Ucrânia. Não é uma coisa ou outra. O que essas pessoas não entendem é que a guerra na Ucrânia tem uma importância fundamental para nossa própria segurança e para um mundo mais pacífico.
Nos últimos anos, o mundo vem ficando cada vez mais perigoso. China, Rússia, Irã e outros países enxergam os EUA como uma potência em declínio irreversível. Veem isso como uma oportunidade de reformularem a política global para perseguirem suas ambições imperiais e antidemocráticas. Putin achou que a Europa Ocidental estivesse se degenerando moralmente e sem vontade de contrariar seus objetivos de minar a Otan e fazer da Rússia a potência dominante na Europa. Um aspecto essencial de seu objetivo era praticamente recriar o antigo Império Soviético e, para tanto, destruir a Ucrânia independente. Isso era crucial para ele. Na fantasia de Xi Jinping, a China será a nova superpotência, em substituição aos EUA. A China vem exercendo seu crescente poderio militar de maneira agressiva.
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Em um sentido mais amplo, a Ucrânia de hoje é semelhante à Tchecoslováquia de 1938. Hitler queria destruir o país, uma democracia com um exército resoluto e fortificações robustas. A Grã-Bretanha e a França, embora obrigadas a defender o país, traíram a Tchecoslováquia em Munique. Após a Conferência de Munique, em vez de lutarem, os líderes da Tchecoslováquia seguiram para o exílio. Hitler engoliu o país sem sofrer resistência. Winston Churchill achava que os tchecos deveriam ter lutado; acreditava que isso poderia ter criado circunstâncias que teriam levado os franceses para a guerra. Em 1938, os dois países juntos teriam vencido a Alemanha. Todo o horror da Segunda Guerra Mundial teria sido evitado. Felizmente, ao contrário da Tchecoslováquia, a Ucrânia, quando confrontada com uma situação aparentemente desesperançosa, lutou. E, para surpresa de todos, as circunstâncias mudaram. Quem está em apuros hoje é o Kremlin.
Agora, porém, vozes hesitantes nos EUA e na Europa murmuram que não devemos dar a Kiev o que é necessário para expulsar o invasor. Contudo, é necessária uma derrota inequívoca e incontestável de Putin para dizermos aos nossos adversários que o Ocidente, aparentemente hesitante, não está em declínio irreversível, que é capaz de se unir quando confrontado com uma crise existencial e que a agressão não compensará.
Vamos dar à Ucrânia aquilo de que ela precisa para vencer. A vitória dela será uma vitória do mundo livre.
Artigo publicado na edição 101 da revista Forbes, em setembro de 2022.