A queda afetou outras empresas de varejo. As ações da Méliuz (CASH3) recuaram 5,8%, os papeis da concorrente Via, antiga Via Varejo (VIIA3) caíram 5,4% e até mesmo as ações do Pão de Açúcar (PCAR3), que não concorre diretamente com a Americanas, recuaram 2,5%. A exceção foram os papéis da Magazine Luíza (MGLU3), que subiram 5,3%.
A queda foi tão significativa que o valor de mercado da Americanas recuou de R$ 10,8 bilhões para R$ 2,45 bilhões, uma perda de R$ 8,4 bilhões. Para comparar, segundo um levantamento do TradeMap, a perda de valor de mercado da empresa é equivalente à capitalização da Arezzo e do frigorífico Minerva.
Problemas contábeis
Em uma apresentação na manhã de hoje, Rial admitiu problemas com transparência na Americanas. “Em algumas organizações, especialmente as que precisam de ajustes, a disposição da administração em falar de problemas por vezes é menor do que deveria ser”, disse ele a investidores.
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Na apresentação, ele disse que a diferença contábil está na conta de “Fornecedores”. Em muitos casos, a Americanas financia os fornecedores, pagando antecipadamente a compra de mercadorias que serão revendidas na rede. Rial afirmou que a rede captava esses recursos em bancos, mas não contabilizava esses empréstimos como dívida, o que deveria ser feito. O executivo admitiu que essa é uma prática tradicional no varejo. “Esse assunto vem sendo discutido desde os anos 1990”, disse ele.
Troca de comando
Seu anúncio para o comando da Americanas gerou expectativas de um desempenho parecido. O varejo e o sistema financeiro têm se aproximado nos últimos anos, graças à tecnologia, que permite vender produtos financeiros às enormes bases de clientes das redes varejistas. A expectativa dos investidores era de um aumento da eficiência e da multiplicação das linhas de receita da Americanas, como programas de milhagem, concessão de crédito e distribuição de produtos e serviços financeiros. Agora, esses planos terão de ser adiados.