O índice Merval, da Argentina, registrou o melhor desempenho dentre os indicadores das bolsas da América Latina neste ano, até o dia 25 de janeiro, mostrou um levantamento da Quantum Finance. Segundo o relatório da plataforma de dados, o retorno nesse período foi de 20,16% em reais. Em dólar, a valorização foi de R$ 22,83%.
Na sequência da bolsa argentina aparece o IPC, índice da bolsa do México. Em reais, a valorização foi de 15,15%, enquanto em dólares foi de 17,71%. O pódio fecha com o índice Colcap, da bolsa da Colômbia, que cresceu 5,64% em reais e 7,99% em dólares neste começo de ano.
Fabio Fares, especialista em análise macro da Quantzed, afirma que o crescimento das bolsas latinas nestes primeiros dias do ano é uma resposta das perspectivas positivas que vem da China. O relaxamento das restrições impostas para controlar a Covid-19 sinalizam maior demanda e crescimento econômico chinês, beneficiando seus parceiros comerciais, como vários países da América Latina.
“Como grande parte da América do Sul é exportadora de commodities para a China, o mercado começa a antecipar um possível crescimento neste ano. O cenário é positivo para a China e, principalmente, para seus maiores parceiros comerciais”, afirma Fares.
Isso também beneficia o Brasil, apesar de o mercado brasileiro não ter subido tanto quanto os de seus vizinhos. Até o dia 25 de janeiro, o retorno do Ibovespa foi de 4,13% em reais, e de 6,45% em dólares, em termos nominais.
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Outras bolsas listadas com retorno positivo neste começo de ano foram do Chile (IPSA) e do Peru (S&P/BVL), com valorizações de 3,66% e 3,13%, respectivamente, em reais.
O único índice com desempenho negativo em janeiro foi o IBC, da bolsa da Venezuela. Somente até o dia 25, o retorno foi negativo em 14,03%, perda maior que os 11,96% registrados durante todo o ano de 2022.
Retornos das bolsas latinas* (até 25 de janeiro, em reais):
1. Argentina (MERVAL): +20,16%
em 2022: +31,54%
2. México (IPC): +15,15%
em 2022: –7,91%
3. Colômbia (COLCAP): +5,64%
em 2022: –23,24%
4. Brasil (IBOVESPA): +4,13%
em 2022: +4,69%
5. Chile (IPSA): +3,66%
em 2022: +14,14%
6. Peru (S&P/BVL): +3,13%
em 2022: –0,62%
7. Venezuela (IBC): –14,03%
em 2022: –11,96%
*os dados são nominais, sem correção da inflação
Bolsas latinas em alta?
Em dezembro, o Bank Of America (BofA) divulgou um relatório que dizia que 2023 seria um ano positivo para a entrada de investidores nos mercados latinos. Segundo a análise, a reabertura da China, a normalização da cadeia de suprimentos e os pagamentos de prêmios nos mercados emergentes seriam favoráveis aos países latinos.
Feres afirma que não é possível saber por quanto tempo essa maré positiva irá durar. Segundo ele, três principais fatores podem interromper a bonança das bolsas latinas.
Restrições na China: uma retomada das restrições chinesas ou uma desaceleração muito brusca na economia que prejudique as relações comerciais com os países latinos seria um problema;
Recessão nos EUA: uma desaceleração na maior economia do mundo reverberá nas bolsas mundo afora, com investidores mais cautelosos em relação à aplicação de capital em países estrangeiros e em investimentos de risco;
Turbulências locais: em seu relatório, o BofA destacou que os mercados latinos possuem riscos políticos devido aos governos de esquerda eleitos nos últimos anos. Para os analistas, isso implica em maior volatilidade nos preços dos ativos.
“Mercado emergente é volatilidade”, diz Feres. “É um negócio muito volátil, muito instável, que depende de várias variáveis para dar certo. Vejamos o Brasil, por exemplo: quando o macro global colabora, a gente arranja problemas internos. Quando o macro global está ruim, as coisas se ajeitam internamente. E isso não é só o Brasil, é na América Latina como um todo.”