O dólar avançou ante o real pela terceira sessão consecutiva hoje (20), acumulando alta de cerca de 2% na semana, à medida que agentes financeiros ainda repercutiram declarações recentes do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a economia, enquanto, no exterior, a moeda norte-americana recuava frente à maioria das divisas.
“O mercado vê com certa aversão essas falas do Lula, causa instabilidade”, disse à Reuters o diretor da mesa de câmbio e investidor estrangeiro da Planner Corretora, Douglas Ferreira.
Entre as declarações de Lula que geraram reação negativa nos ativos locais nos últimos dias estão indicações de mudanças no salário mínimo e no Imposto de Renda, com potencial impacto nas contas públicas, e críticas à atual meta de inflação e à independência do Banco Central (BC), temas caros aos agentes financeiros.
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“Apesar de todo esse barulho, mantemos a hipótese de que o BC permanecerá com autonomia formal. Além disso, o desconforto com a meta de inflação sugere que Lula é mais propenso a tolerar níveis de inflação mais elevados”, escreveu a equipe do Citi em relatório hoje.
No exterior, o dólar alternava certa estabilidade e leve baixa ante uma cesta de moedas fortes, tendo revertido ganhos de mais cedo — o que contribuiu para uma redução do avanço frente ao real durante o pregão, que chegou a ser de mais de 1%.
A moeda norte-americana caía contra a maioria das divisas emergentes.
Nas últimas semanas, operadores vêm mencionando uma entrada de recursos no Brasil, diante do diferencial de juros do país em relação aos Estados Unidos e com a perspectiva de redução do ritmo de aperto monetário pelo Fed.
Ferreira, da Planner, porém, também chamou atenção para o relaxamento de medidas restritivas contra a Covid-19 na China nesse início de ano, com efeito positivo no fluxo de recursos ao país asiático, o que pode estar ajudando na alta recente do dólar ante o real.