Ibovespa crava terceira alta seguida, mas perde 0,7% na semana

6 de janeiro de 2023

O Ibovespa cravou sua terceira alta consecutiva hoje (6) ao avançar 1,23%, a 108.963,70 pontos. Ainda assim, a bolsa paulista não conseguiu reverter as perdas registradas no início da semana, quando acumulou 5% de recuo nos pregões de segunda e terça-feira. Na semana, o índice de ações ficou com saldo 0,70% negativo.

O mercado ainda se mostra desconfiado em relação à postura econômica e fiscal do novo governo. Esta primeira semana foi marcada por declarações e decisões contraditórias que não foram bem recebidas entre os agentes financeiros.

Em Nova York, o tópico do dia foi a divulgação do principal relatório de empregos do país, o payroll. Os números vieram fracos e o mercado entendeu que o país está desacelerando devido ao aumento dos juros, ainda que em um ritmo mais lento.

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Nesta sexta, o presidente Lula organizou uma reunião ministerial com todos os seus ministros para alinhar o discurso do governo, em vista das contradições dos últimos dias. As principais foram a sinalização de acabar com a desoneração dos combustíveis, mas depois o governo voltou atrás e comprometeu diretamente seu novo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Também pegou mal as falas do ministro da Previdência sobre uma nova reforma trabalhista, que foi contestada depois.

Em discurso, o presidente Lula afirmou que seu compromisso de governo é unificar o país, e não acabar com as divergências, mesmo entre seus ministros. Segundo Lula, sua terceira gestão na Presidência é formada por pessoas que pensam diferente e isso é bem-vindo.

O dólar, que subiu nos dois dias de queda forte do Ibovespa, teve um terceiro dia de recuo significativo e fechou com baixa de 2,16% hoje, avaliado em R$ 5,2363. Na semana, a perda da moeda norte-americana foi de 0,83%.

A ação que teve a maior valorização do dia no Ibovespa subiu na esteira dos ganhos do minério de ferro negociado na China. A commodity subiu 1,9% na Bolsa de Dalian, a US$ 117,30 a tonelada. Por aqui, a principal beneficiada foi a CSN Mineração (CMIN3), que avançou 6,67%.

A CSN (CSNA3) também teve uma forte alta, de 3,84%, assim como a Vale (VALE3), que ganhou 1,58¨%. Já Americanas (AMER3), +7,22%, e CVC (CVCB3), +5,75%, ganharam com o alívio na curva de juros, que ajuda a fortalecer ações de consumo doméstico.

Nos Estados Unidos, o Departamento do Trabalho divulgou que a criação de vagas fora do setor agrícola (payroll) no país totalizou 223 mil em dezembro, acima do esperado (+200 mil). No entanto, os números de novembro foram revisados para baixo, de 263 mil anunciados anteriormente para 256 mil hoje.

Em dezembro, a taxa de desemprego caiu a 3,5%, ante expectativa de estabilidade em 3,7%.

O mercado entendeu que os números mostram enfraquecimento do mercado de trabalho norte-americano em meio aos aumentos sucessivos dos juros pelo Federal Reserve. Com isso, a resposta foi de alívio e busca por ativos de riscos, com a expectativa de que o Fed diminua seu ritmo de aperto monetário nos próximos encontros.

Raphael Bostic, presidente do Fed de Atlanta, afirmou em entrevista que hoje estaria satisfeito com um aumento de 0,50 ou 0,25 ponto percentual na taxa em um próximo encontro.

“Espero que a economia desacelere continuamente da posição forte em que estava no verão (inverno aqui no Hemisfério Sul)”, disse Bostic. “Este é apenas um próximo passo … por isso temos que manter o rumo. A inflação está muito alta, precisamos reduzir esses desequilíbrios.”

As bolsas em Wall Street engataram alta depois da divulgação do relatório e todos fecharam na faixa dos +2%. O Dow Jones ganhou 2,12%, a 33.629,79 pontos, o S&P 500 subiu 2,28%, a 3.895,00 pontos, e o Nasdaq avançou 2,56%, a 10.569,29 pontos.

(Com Reuters)