Os IPOs de tecnologia mais esperados de 2023 em Wall Street

4 de janeiro de 2023
REUTERS/Brendan McDermid

Bolsa de Valores de Nova York

O ano de 2022 foi, em grande parte, negativo para a indústria de tecnologia quando se trata de IPOs, já que o setor contou com poucas listagens e ainda menos processos bem-sucedidos.

Com os olhares voltados para 2023, investidores e especialistas do setor não esperam que a situação seja muito diferente. Porém, algumas empresas emblemáticas como Stripe e SpaceX ainda têm a capacidade de mudar essa narrativa – juntamente com uma grande pitada de otimismo.

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Para entender o cenário em que vivemos hoje, menos de 80 empresas abriram o capital nos Estados Unidos em 2022, o que representa uma queda de 88% em relação a 2021. Assim, as receitas recuaram 95% no período, de acordo com dados da Refinitiv, levando a Axios a denominar o ano como “o pior para IPOs dos EUA desde 1990”.

A empresa de aluguel de carros Getaround tentou contrariar a tendência em dezembro, fundindo-se com uma SPAC. As ações da companhia caíram 90% no mês, colocando a empresa na categoria de penny stock.

Outro exemplo raro, a empresa de carros autônomos Mobileye, tornou-se pública em outubro; hoje sua cotação está 70% acima de seu preço de listagem. Mesmo assim, o papel ainda está cotado muito abaixo do valor que a Intel, que desmembrou o negócio depois de adquiri-lo em 2017, supostamente esperava listá-la.

Para base de comparação, 2021 viu uma onda de startups se tornarem públicas, incluindo a exchange de criptomoedas Coinbase, a fabricante de software DevOps GitLab, a empresa de software para restaurantes Toast, a companhia de infraestrutura de dados Confluent e a fabricante de aplicativos de namoro Bumble.

Todas essas empresas, assim como seus pares de tecnologia que fizeram IPO no mesmo período, agora negociam muito abaixo de onde fecharam durante seus primeiros dias na bolsa de valores.

“O objetivo em 2021 era obter liquidez, chegar lá e aumentar suas ações e sua história”, disse Matt Cohen, veterano de Wall Street que se tornou investidor de risco na Ripple Ventures, com sede em Toronto. “Agora, acho que veremos uma pausa contínua.”

Um líder de uma companhia de risco com sede na Bay Area, que pediu para permanecer anônimo, concordou. “IPOs nós meio que cancelamos para o próximo ano”, disseram eles. “O próximo ano é sobre ficar de cabeça baixa e tentar ganhar participação de mercado, e olhar para 2024 para saídas.”

Leia mais: Após seca em 2022, IPOs devem ter retomada gradual em 2023

Ainda assim, alguns investidores acreditam – ou pelo menos esperam – que na próxima primavera, ou no quarto trimestre de 2023, os IPOs de tecnologia comecem a fluir novamente. Com a ajuda deles, a Forbes revisou o atual cenário de unicórnios para descobrir quem provavelmente iria contrariar a tendência.

Stripe

A empresa de pagamentos online avaliada no início de 2022 em US$ 95 bilhões costuma ser a primeira a vir no pensamentos dos investidores como o tipo de “gigante” que pode abrir capital a qualquer momento.

Fundada em 2010 pelos irmãos Patrick e John Collison, a Stripe tem bilhões em receita e inquietos funcionários e investidores que estão dispostos a fazer uma oferta pública ter sucesso.

Como outras fintechs, a Stripe passou o segundo semestre de 2022 em contração, demitindo mais de mil funcionários após reduzir sua própria avaliação em 28%.

Após um boom da pandemia em 2021, a Stripe sofreu com uma desaceleração no comércio eletrônico em 2022. Se puder mostrar uma recuperação nos números por vários trimestres, a Stripe é uma empresa que muitos VCs esperam estar na mesa.

“Boas empresas não precisam abrir o capital”, observou Villi Itchev, diretor administrativo da Two Sigma Ventures. “Mas não concordo com o tema de que as janelas do IPO estão fechadas. O que acontece é que as expectativas de valuation mudam e o apetite por risco muda.”

SpaceX

Enquanto seus pares mais valiosos em tecnologia estavam reduzindo suas avaliações, a SpaceX de Elon Musk continua a avançar.

Uma recente oferta pública, relatada pela primeira vez pela Bloomberg, avaliou a empresa em US$ 143 bilhões, cerca de 15% acima de seu último valuation, de acordo com uma fonte com conhecimento da transação.

A oferta, por meio da qual os funcionários poderão vender ações de volta aos investidores da SpaceX, ocorre no momento em que a empresa passa de um milhão de assinantes para seu serviço de internet Starlink baseado em satélite, de acordo com o anunciado pela empresa em dezembro.

Lançado há apenas dois anos e sem gastos com marketing, o Starlink mais do que quadruplicou sua base de usuários no ano passado.

Tal crescimento implicaria em uma receita anualizada de mais de US$ 1 bilhão para a SpaceX a partir de seus satélites de internet no futuro, sem contar o seu negócio de lançamento de foguetes.

Porém, como Musk adquiriu recentemente o Twitter e tornou o serviço de mídia social privado, não está claro se a SpaceX terá pressa em abrir totalmente seus registros – e estimativas trimestrais – para investidores do mercado público.

Databricks

A queridinha de dados na nuvem Databricks, avaliada em 2021 em US$ 38 bilhões, reduziu seu valuation em outubro para US$ 31 bilhões, de acordo com o The Information.

Porém, o CEO da companhia, Ali Ghodsi, disse à Forbes em agosto que a empresa continuaria contratando depois de passar recentemente de US$ 1 bilhão em receita anualizada.

“Não estamos enfrentando pressões para ser público”, disse o cofundador da Databricks na época.

Como a maior empresa de infraestrutura de dados ainda privada, após uma onda de IPOs anteriores de empresas como Confluent e Snowflake, a lista do Cloud 100 ainda carrega a esperança de sua área no mundo da tecnologia.

A alta cúpula

Airtable, Chime, Discord e Notion

Existe uma grande questão em torno de empresas de tecnologia de alto nível na faixa de avaliação de cerca de US$ 10 bilhões a US$ 20 bilhões que é: a receita delas é sustentável?

Os investidores observam que as comparações de empresas de tecnologia no mercado aberto têm sorte em negociar em múltiplos de 12x ou 15x sua receita no ambiente atual.

Para empresas como as de software de colaboração Airtable e Notion, isso pode significar um corte no valuation das últimas rodadas de financiamento anunciadas (US$ 11,7 bilhões para Airtable fora da receita recorrente anual de mais de US$ 100 milhões em 2021; US$ 10 bilhões para Notion em 2021 fora da receita mais recentemente, que gira em torno desse marco.)

O mesmo pode valer para outros queridinhos do Vale do Silício que trouxeram avaliações agressivas em 2020 e 2021 e agora enfrentam pressão para cortar custos e priorizar um crescimento potencialmente mais lento, mas mais sustentável.

Caso contrário, os investidores do mercado público podem ter mais apetite para comprar ações de empresas como a GitLab, que foi negociada recentemente a cerca de 11 vezes suas vendas atuais, ou Twilio, que enfrenta mais desafios, mas negocia a apenas o dobro de suas vendas.

“Essa lacuna terá que se tornar mais estreita”, disse Cohen, o investidor.

Os guerreiros

Bolt, Instacart e Klarna

O grupo de startups de bilhões de dólares que falaram sobre planos de listagem pública, mas agora enfrentam grandes problemas, representam outro grupo que pode se aproximar dos IPOs em 2023.

No mercado atual, essas empresas enfrentam grandes reduções em suas avaliações e conduzem demissões para tentar consertar seus trajetos.

Quão efetivamente eles poderiam fazê-lo, e o que o mercado faria com eles ainda não se sabe. Mas um boom pós-Stripe ou SpaceX talvez pudesse encorajar sua liderança a tentar novamente.

O inesperado

Private Equity

Se as grandes empresas adiarem os planos de IPO de 2023 de olho no ano seguinte, uma pequena esperança para o setor de tecnologia pode vir de uma fonte surpreendente: empresas de private equity.

Thoma Bravo, Vista Equity Partners, Warburg Pincus e outros estiveram ocupados nos últimos anos devorando empresas de tecnologia privadas e públicas que, embora não tivessem o crescimento de foguetes de outros nesta lista, demonstraram finanças sólidas e potencial para serem transformadas em lucro consistente.

Empresas como Apttus, Imperva, Gainsight, Pipedrive e Pluralsight foram todas retiradas do conselho em 2021 ou nos anos anteriores. Caso seus trabalhos de limpeza tenham feito um progresso significativo, seus proprietários podem tentar listá-las no final de 2023, semelhante ao que ocorreu com a Mobileye ou Qualtrics, empresa de software que a SAP adquiriu em 2018 e tornou pública em janeiro de 2021.

Essas companhias também podem não ter pressa para entrar no mercado aberto. Em uma entrevista com o AdExchanger no mês passado, Dave Clark, CEO da TripleLift, empresa de tecnologia de anúncios de propriedade do Vista, jogou um pouco de água fria no mercado. “Temos muita sorte de ser privados agora e ter os patrocinadores que temos no Vista. Provavelmente não estaremos pensando em [um IPO] por alguns anos.”