No documento encaminhado à 4ª Vara Empresarial do Estado do Rio de Janeiro, a varejista citou a piora nas conversas com credores e fornecedores, a consequente redução posição de caixa e a necessidade de manter a operação como motivos para o pedido, o quarto maior da história.
O pedido de recuperação judicial inclui além da Americanas as empresas B2W, JSM Global e ST Importações, deixando de fora a fintech Ame, que vinha recebendo forte impulso do ecossistema de lojas físicas e online do grupo.
A recuperação judicial foi precipitada por uma batalha judicial desde a última sexta-feira, quando a Americanas obteve uma proteção de 30 dias contra credores, dois dias após ter feito o tumultuado anúncio de “inconsistências contábeis” de 20 bilhões de reais e consequente renúncia dos seus dois principais executivos, após poucos dias no cargo.
Credores, incluindo BTG Pactual e Bradesco, buscaram reverter a decisão, esvaziando o caixa da Americanas, que Sergio Rial, o breve presidente-executivo, disse ao renunciar na semana passada que era de 7,8 bilhões de reais.
Sem citar nomes, a varejista afirmou que “alguns poucos credores, sem pensar nos impactos para a coletividade, tomaram medidas precipitadas que culminaram no perigoso esvaziamento do caixa da companhia e, consequentemente, inviabilizaram a sua operação a curto prazo”.
O pedido desta quinta-feira põe Americanas, que tem cerca de 40 mil funcionários, entre as maiores ‘RJs’ do país. O grupo das maiores operações do tipo no país inclui Odebrecht, com 98,5 bilhões de reais em dívidas em 2019; Oi, com 65,4 bilhões em 2016; e Samarco (50 bilhões de reais) em 2021.
Manchas
O caso Americanas tem lançado sombras sobre a reputação de empresários, executivos, auditores e sobre a capacidade de reguladores e outros entes do mercado de evitarem fraudes e outros escândalos contábeis.
Um dos principais alvos de críticas é PwC. Além da Americanas, a companhia também era auditora independente da resseguradora IRB Brasil, protagonista de um escândalo contábil em 2020; da Odebrecht e da Petrobras, esta última peça central do escândalo desvendado pela Lava Jato.
Desde o anúncio do escândalo contábil na semana passada, investidores têm se mostrado preocupados com possibilidade de contágio dos problemas da Americanas nas outras empresas investidas pelo trio.
Mais cedo, o analista Mateus Pazin Haag, da Guide Investimentos, afirmou que apesar das ações da Ambev terem sofrido com a crise da Americanas, os riscos da cervejaria apresentar o mesmo problema contábil da varejista ou de seus controladores venderem ações da companhia são considerados baixos.