A geradora de energia renovável AES Brasil (AESB3) conseguiu fechar 2022 com desempenho positivo, colhendo frutos da estratégia de diversificar seu parque gerador com o avanço nas fontes renováveis eólica e solar, que ajudam a complementar e equilibrar os resultados da geração de suas hidrelétricas, disse ontem (27) um executivo da companhia.
A elétrica encerrou o quarto trimestre de 2022 com lucro líquido de R$ 137,4 milhões, revertendo o prejuízo de R$ 31,5 milhões registrado um ano antes. Já o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) somou R$ 359,9 milhões no trimestre, um aumento de 76,7% no comparativo anual.
A melhora dos indicadores reflete fatores como a gestão ativa de portfólio de contratos de hidrelétricas em um ano de hidrologia mais favorável, a melhora das condições operacionais de parques eólicos e a consolidação de novos ativos adquiridos, explicou à Reuters o vice-presidente Financeiro e de Relação com Investidores da companhia, Alessandro Gregori.
Para este ano, ele apontou que a entrega até dezembro das obras de dois empreendimentos de geração renovável, Tucano (BA) e Cajuína (RN), deve permitir incrementos importantes de Ebitda.
“Quando os dois projetos (que a AES tem em construção) tiverem rodando, mais a aquisição que fizemos da Cubico, estamos falando de um aumento de 850 milhões de Ebitda. Isso mostra que estamos concretizando o que estamos semeando”.
A entrega dos projetos também deverá permitir uma desalavancagem da companhia, que fechou o ano passado com um índice de 4,8 vezes a dívida líquida sobre Ebitda. A perspectiva é que o indicador caia para perto de 3,5 vezes em 2025.
Gregori disse ainda que a companhia se preparou financeiramente ao longo de 2022 para não precisar realizar novas captações neste ano para pagar seus compromissos, um ponto importante diante da volatilidade atual do cenário de dívida e “equity”. A posição final de caixa da AES Brasil ao final de 2022 é de 4,3 bilhões de reais.
Novos projeto e M&A
Em relação a crescimento, o executivo afirmou que o mercado de fusões e aquisições (M&A, na sigla em inglês) do setor elétrico está agitado e com um volume grande de oportunidades.
Ele reiterou que a companhia segue monitorando oportunidades de negócio, mas que em um cenário de custo de capital alto, os retornos têm que ser “ainda mais excepcionais”. “Acho difícil, no curto prazo, a gente ter algum tipo de operação nesse tipo, mas nada é garantido”.
Questionado sobre interesse em ativos renováveis colocados à venda pela Enel Brasil, Gregori apontou que os projetos não têm o perfil que a AES Brasil costuma buscar –ativos já operacionais e com espaço para “turnaround” operacional e financeiro.
“Não é o tipo de ativo que focamos as nossas atenção, por dever de ofício olhamos tudo, mas não é o tipo de ativo que normalmente casa com a expectativa de retorno e nicho de atuação”.